As aulas estão recomeçando nas escolas privadas do Estado e, em breve, nas públicas, em meio a um afrouxamento nas regras de controle da pandemia de coronavírus no ambiente de ensino. Entre as 16h15min de quinta-feira (18) e as 14h15min desta sexta-feira (19), GZH fez a seguinte pergunta aos leitores: qual a sua opinião sobre a volta às aulas de forma presencial?
De um grupo de 205 leitores que responderam à enquete, 121 disseram ser contrários ao retorno e 84 defenderam as aulas presenciais. Entre os que preencheram o questionário de GZH, 132 são pais de estudantes e os demais, alunos, professores e outros ligados à comunidade escolar.
No grupo dos contrários, apareceu o argumento de que as escolas públicas não teriam as mesmas condições de manter os protocolos executados nas instituições privadas. Nos comentários favoráveis, pais se mostraram preocupados com o desenvolvimento cognitivo dos filhos.
Uma das mudanças no modelo de distanciamento controlado revogou a norma que previa limite de 50% de ocupação de salas de aula para a realização de atividades presenciais em creches, escolas e universidades no Rio Grande do Sul. A limitação passará a ser calculada mediante a distância entre as classes, que deverá ser de, no mínimo, 1,5 metro.
Veja algumas opiniões:
A favor
"Excelente. Seguindo os protocolos não vejo problema algum. Crianças precisam estudar, precisam da companhia dos colegas. Precisam interagir. Faz parte do aprendizado."
Gerson Fábio Holz, Nova Petrópolis
"Pela saúde mental de minha filha, vou deixá-la retornar às aulas de maneira presencial, tenho medo, converso bastante com ela sobre os cuidados necessários, ela sente muita falta de interagir com pessoas da idade dela e da rotina escolar, vou dar voto de confiança pra ela e para a escola também."
Ana Claudia Couto, Porto Alegre
"Com a realidade do home office ficou impossível não ter aulas, pelo menos um turno."
Gabrielle Marques, Porto Alegre
"Infelizmente, é necessário, pois as crianças estão sofrendo muito com o distanciamento, está afetando muito a saúde mental, muito mais que os adultos. Algumas crianças estão em período de alfabetização, em que é essencial ter a presença do professor. Mas não acho justo os funcionários das escolas não estarem em grupos prioritários de vacinas, pois serão muito expostos com esse retorno."
Juliano da Silva, Montenegro
"Necessária para o desenvolvimento cognitivo e comportamental de todas as crianças e adolescentes. O período em casa foi de aprendizado, mas não pode continuar por mais um ano."
Fabiana Beal Pacheco, Porto Alegre
"As aulas devem retornar no modelo presencial por dois motivos: a educação das crianças, em casa não aprenderam nada, e o outro pela necessidade de convivência com outras crianças. Claro que devemos ter todo o cuidado necessário com o vírus."
Cinara Rosa, Viamão
"É necessário para socialização das crianças e adolescentes. Sem descuidar de protocolos sanitários."
Daniela Rosa, Santa Rosa
Necessário, e deveria ser obrigatório. Porém, escalonado. Não há como comportar todos os alunos de uma turma em uma sala de aula com segurança. Portanto, mantém-se o modelo híbrido."
Betânia Mahl, Santa Cruz do Sul
"Sou a favor, até porque está tudo aberto, mercado, shopping, restaurantes, praias. Nós vamos nesses lugares. Claro que nos cuidamos, e por isso não vejo por que não voltar às aulas."
Priscila Vianna, Viamão
"Acho que demorou muito tempo para as aulas retornarem, sem se preocuparem com os prejuízos cognitivos e emocionais que as crianças estão tendo. Tudo pode ser retomado, apenas a aula é agravante para covid-19?"
Roberta Viera, São Sepé
O que é o jornalismo de engajamento, presente nesta reportagem?
É uma prática jornalística que coloca o público como protagonista da notícia, criando uma troca positiva e impactante na comunidade. Queremos abrir ainda mais espaço para que você, leitor, possa participar da construção do nosso conteúdo desde a concepção até o feedback após a publicação.
Como engajamos o público?
Convidamos nossos leitores a participarem da construção do conteúdo pelas redes sociais, monitoramos o que é discutido nos comentários das matérias e publicamos formulários que dão espaço a dúvidas e sugestões.
Contra
"Não concordo, acho que o fato de voltar às aulas presenciais só tende a agravar mais a situação."
Michele Ribeiro, Alvorada
"Deveria ser adiada até que o Estado estivesse em bandeira amarela ou que a maioria do público que frequenta as escolas estivesse vacinada."
Renato Arto, Porto Alegre
"Hoje é um ato temerário, para dizer o mínimo. Não há um plano claro e factível apresentado pelo governo do Estado que dê segurança quanto ao cumprimento eficaz dos protocolos sanitários necessários no combate/prevenção à covid-19. Quem tem o mínimo de participação na vida escolar dos seus filhos sabe exatamente a condição precária das escolas, falta de recursos humanos e qualificação desses trabalhadores. Enfim, voltar hoje é jogar contra a saúde pública e a vida de todos."
Jean Carlo Magno, São Gabriel
"Penso que ainda não é o melhor momento para retomar as atividades presenciais nas escolas, sobretudo nas escolas públicas. As escolas públicas não têm condições mínimas de cumprir um protocolo sanitário eficiente, a vacinação para os trabalhadores da Educação ainda vai demorar muito e o sistema de saúde público está com sua capacidade esgotada neste momento. O ideal seria que os governos dedicassem esforços e recursos na qualificação dos processos para a manutenção do ensino remoto até que fosse possível vacinar os trabalhadores da Educação e a capacidade de atendimento nos hospitais estivesse ampliada."
Jardel Freitas, Canoas
"Acho uma irresponsabilidade. Não se tem garantia de segurança. Não temos vacina pra todos, crianças e adolescentes são distraídos e não têm condições de se manter com os cuidados necessários e distanciamento. O deslocamento pra escola é outro problema. Além disso, os números de internação só aumentam. Estamos à beira do colapso no sistema de saúde. Meu filho é asmático. Não vou arriscar a vida dele sem ter certeza de que não vai se contaminar. As aulas virtuais na rede particular funcionaram ano passado. Que continue assim. Lamento muito que os governos não tenham dado conta de atender a rede pública também. O descaso com os professores e com as terceirizadas é um absurdo."
Kátia Almeida, Porto Alegre
"As crianças têm muitas dificuldades de seguir os protocolos, pois mesmo os adultos não conseguem fazê-lo, principalmente o distanciamento. As famílias nem sempre dispõem de condições para comprar as máscaras ,higienizá-las e fazer as trocas. Alguns esquecem, outros usam sempre a mesma, outros usam de forma errada. O fazer pedagógico exige proximidade, socialização, afeto. Os adolescentes querem socializar. As crianças não são robôs. Retorno seguro com vacina para toda a comunidade escolar."
Andrea Carvalho, Porto Alegre
"Parece antagônica com o momento pandêmico em que estamos, nível muito alto de ocupação de UTIs, nova e preocupante cepa contaminando e vamos aumentar o número de pessoas circulando e depois levando para outros grupos a contaminação (familiares ou professores e colegas). Sabemos que teoricamente pode estar muito organizado, mas, na prática, as coisas ocorrem diferente."
Mariana Marques, Porto Alegre
"Acho que no momento ainda é inseguro esse retorno, as escolas não estão preparadas fisicamente, os professores circulam em mais de duas escolas todos dias, isso faz com que eles carreguem o vírus para as escolas e com isso as crianças carregam para suas casa (pais, avós, tios). O problema é que a realidade da escola pública é diferente, estão abandonadas há muitos anos. Sem contar os professores, que, além de circular por várias escolas, dependem de transporte público. Acredito que já passamos um ano tendo aulas a distância, o que será mais alguns meses? Vidas importam."
Heloiza Martins, Palmares do Sul
"Eu acho inconcebível, tendo em vista que tive duas vezes covid por causa dos atendimentos presenciais para entregar material impresso e pedidos de históricos ou atestados (as empresas resolveram pedir o histórico como critério de permanência do emprego). Registramos cerca de 70 a 80 pessoas por dia de atendimento. Assim como eu, vários colegas ainda se infectaram trabalhando ou nas eleições, porque tivemos que abrir a escola. Na segunda vez, quase morri."
Carla Bozzato, Pelotas
"Acho precipitada, principalmente nas escolas públicas. As salas são apertadas e o público é o mais vulnerável à covid e a outras doenças. Seria menos custoso, neste momento da doença, equipamentos de TI e rede wi-fi gratuita do que retomar aulas presenciais."
Suzana Reis Coelho, Porto Alegre