Dezenas de estudantes se reuniram na reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na manhã desta segunda-feira (21) para protestar contra a nomeação de Carlos André Bulhões Mendes para o cargo de reitor pelo presidente Jair Bolsonaro. Para esses alunos, a nomeação de Bulhões é vista como uma intervenção porque o professor, tido como mais alinhado com o Planalto, representa a chapa que recebeu a menor parcela de votos. Além disso, ganhou o menor número de votos em eleição do Conselho Universitário (Consun).
O Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFRGS também organizou um "twittaço" para a manhã desta segunda, convocando os contrários à nomeação a publicarem fotos mostrando sua posição.
Coordenadora-geral do DCE da UFRGS, Ana Paula Santos, estudante de Matemática, diz que Bulhões "não tem legitimidade" para assumir o cargo:
— Bolsonaro, que vem atacando a educação pública, não tem moral para indicar um reitor. Ele é declaradamente contra as ações afirmativas, a ciência e a pesquisa. O objetivo dele, desde o início, é ter um reitor que facilite seus ataques, seus cortes.
Em debate realizado entre os três candidatos antes da votação, Bulhões afirmou ter o "desejo" de respeitar o resultado do pleito interno mesmo que a chapa escolhida por Brasília não fosse a vencedora na consulta. Esse trecho específico do debate está publicado em vídeo na página do DCE no Facebook.
— O meu desejo, e respeitando a todos, é que devemos, sim, respeitar esse resultado e que o primeiro seja nomeado. Eu desconheço qualquer outra razão. Qualquer coisa diferente disso, pra mim, é uma especulação, é uma especulação — disse Bulhões na época da campanha.
Na última quinta-feira (17), em coletiva de imprensa online, Bulhões mudou o discurso. Disse que sua nomeação cumpre os regimentos internos e que foi "lembrado" por assessores de ter firmado um compromisso, junto aos demais candidatos, de assumir a reitoria caso estivesse na lista tríplice enviada ao Ministério da Educação (MEC).
— Minha coordenação de campanha me lembrou: "O senhor disse isso mas se equivocou, pois assinou junto com os demais candidatos a declaração de investidura no cargo, onde declaramos que se estivesse na lista tríplice, aceitaria ser nomeado como reitor" — disse Bulhões aos jornalistas. — E, como servidores públicos, somos obrigados a cumprir o que assinamos.
Durante a manifestação desta manhã, os estudantes utilizaram máscaras e foram orientados a manterem um distanciamento, algo reforçado tanto na convocatória quanto durante o ato.