A maioria das sete universidades federais gaúchas aderiu nesta quarta-feira (2) à greve de 48 horas convocada pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) no dia 27 de setembro. Professores, órgãos representativos de técnicos-administrativos e dos estudantes argumentam que paralisaram as atividades em defesa da educação, ciência e tecnologia públicas. GaúchaZH apurou junto às universidades a situação de cada uma delas.
Professores e técnicos-administrativos se uniram à greve de 48 horas. Na tarde desta quarta-feira, os servidores devem promover um encontro na Biblioteca Pública Municipal de Bagé para discutir o projeto Future-se, do Ministério da Educação (MEC), a posse do novo reitor e política de prevenção de violência, entre outros temas. Conforme o Sindicato dos Servidores Técnico-administrativos em Educação da Unipampa (Sindipampa), a greve é motivada pela insegurança financeira que as atividades vêm enfrentando recentemente. A Seção Sindical dos Docentes da Unipampa (Sesunipampa) acrescenta ainda que é contra a agenda “ideológica conservadora de extrema-direita do Governo Bolsonaro”. A entidade afirmou ainda que estão previstas várias atividades pedagógicas e oficinas em meio à paralisação, com membros de todas as categorias, como em São Borja, São Gabriel e Jaguarão.
Conforme o Sindicato do Pessoal Técnico-Administrativo da FURG (APTAFURG), os servidores aderiram à paralisação. Entre as reivindicações, estão os cortes de verba nas universidades públicas e o projeto Future-se que, entre outras questões, pretende colocar Organizações Sociais (OSs) na cogestão das instituições de ensino. Nesta quarta-feira, a comunidade acadêmica e servidores terceirizados promoverão uma assembleia para discutir a situação financeira da instituição. Para esta quinta-feira, a FURG e o Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) estarão concentrados, a partir das 16h, no Largo Dr. Pio para promover a “imediata recomposição do orçamento público das instituições de ensino e contra o Future-se", afirma o APTAFURG. O Sindicato não informou se haverá caminhada pela cidade.
Professores e servidores técnico-administrativos entraram em greve pelo período de 48 horas. Com isso, alguns cursos e setores estarão sem aulas nem atendimentos, afirmou a Associação dos Docentes da UFPel (ADUFPel). Segundo a assessoria de imprensa da associação, a mobilização da categoria é para interromper os “ataques e retrocessos que vem sendo aplicadas pelo Governo Federal, que incluem os cortes no orçamento das universidades, a intervenção da União na nomeação de reitores e o programa Future-se". A ADUFPel promoverá diversas atividades nesta quinta-feira (3), como uma caminhada pelo centro da cidade, com início previsto para as 17h, e um debate sobre o Future-se, às 20h.
Segundo o coordenador-geral do Sindicato dos Técnicos-administrativos da UFRGS (Assufrgs), Charles Almeida, grande parte da categoria aderiu ao movimento neste primeiro dia de paralisação:
— A Faculdade de Educação, de Arquitetura e Comunicação estão sem aulas e não realizaram atividades administrativas. Ou seja, a adesão está sendo bem significativa.
Entre as reivindicações dos servidores estão os cortes nos orçamentos das universidades federais e o programa Future-se, que segundo os grevistas tira das mãos do governo federal a responsabilidade de fomentar o ensino, a pesquisa e a extensão universitária. Na manhã desta quinta-feira (3), Assufrgs pendurará, na universidade, faixas que questionam as propostas do Future-se e promoverá uma caminhada, com saída da Faculdade de Educação, no Campus Centro, até a Esquina Democrática, no centro da Capital, às 17h.
Atendimentos em bibliotecas e em laboratórios estão com funcionamento suspenso ou parcial em função da paralisação de dois dias. O maior impacto é nos restaurantes universitários. Em média, todos os dias, 8,5 mil pessoas fazem suas refeições nas unidades. Com a greve, apenas os que têm benefício socioeconômico (4.350 pessoas) serão atendidos.
O DCE da UFSM declarou greve por tempo indeterminado e os alunos estão livres para aderirem ou não ao movimento. Os estudantes consideram que o governo federal ameaça o ensino superior público com a tentativa de implantação do programa Future-se, que foi debatido na manhã desta quarta-feira em reunião do conselho universitário.
De acordo com a reitoria da UFSM, as atividades acadêmicas vão seguir normalmente de acordo com o calendário previsto e não existe amparo legal para que alunos faltem às aulas. A menos que o conselho universitário venha a tomar alguma decisão diferente de suspender o calendário, por exemplo.
A Seção Sindical dos Docentes da UFSM (SEDUFSM) optou por não aderir à greve de 48 horas, mas sinalizaram em assembleia, realizada esta semana, pelo indicativo de paralisação por tempo indeterminado, mas sem previsão de início. Segundo o SEDUFSM, os professores estão solidários aos estudantes grevistas.
A Associação dos Servidores da UFSM (ASSUFSM) realizará, quinta-feira, uma assembleia para discutir as recentes Propostas de Emenda à Constituição (PEC), do Ministério da educação (MEC), bem como para explicitar os motivos pelos quais a entidade é contrária ao Future-se. Além disso, participarão de uma caminhada que será promovida pelos estudantes, às 15h.
Foi solicitado um posicionamento do MEC sobre a greve das universidades, mas a pasta não retornou.
Até o fechamento desta reportagem, nenhum dos sindicatos divulgou números da adesão ao movimento de paralisação.
O indicativo de greve foi suspenso devido à aprovação, pelo Conselho Universitário (Consuni), do pedido de destituição do reitor Marcelo Recktenvald, no dia 30 de setembro. Entre outras deliberações da reunião, ficou definido que, nesta quarta-feira, será feita uma mobilização pelo cumprimento da decisão da Consuni contra Recktenvald, o Future-se e pela recomposição do orçamento das universidades de 2019. Em função disso, as aulas foram suspensas afirmou a Seção Sindical dos Docentes da UFFS.
Conforme a assessoria de imprensa da UFCSPA, o funcionamento é normal em função de um congresso que acontece na instituição e que requer a participação obrigatória dos estudantes.