O argumento do ministro da Educação, Abraham Weintraub, de que os bloqueios de recursos nas universidades federais é de 3,4% considera valores que não são passíveis de congelamento, como salários, e contraria pronunciamentos da própria pasta.
O orçamento total autorizado de todas as universidades federais em 2019 foi de R$ 49,6 bilhões. Desse total, há gastos obrigatórios, como a folha de pagamento, e outros gastos chamados de discricionários — esses, sim, sujeitos a corte. Nas universidades, o orçamento discricionário total soma R$ 6,9 bilhões.
Com a ordem de contingenciamento vinda da área econômica, o bloqueio de recursos nas universidades federais atingiu R$ 2 bilhões. Esse congelamento representa, portanto, 30% dos recursos discricionários.
Esse cálculo do bloqueio sobre os recursos discricionários foi defendido pelo próprio ministro e pelo MEC em comunicados à imprensa.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, Weintraub disse que três universidades teriam cortes de 30% porque teriam o que ele chamou de balbúrdia. Após má repercussão, a pasta disse que esse corte seria aplicado a todas instituições.
No mesmo dia, o MEC passou a usar o percentual de 3,4%. Na conta apresentada por Weintraub na quinta (9), na qual ele usou chocolates, o bloqueio de R$ 2 bilhões nas federais é comparado com o orçamento total, de R$ 49,6 bilhões — ou seja, 3,4%.