Depois de duas promessas não cumpridas, pais, alunos e professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental Dom Pedro I, no bairro Glória, em Porto Alegre, protestaram em frente ao prédio da instituição que espera por reforma desde o ano passado. Os 270 estudantes estão sem acesso à escola desde setembro, quando um temporal destruiu parte do telhado e alguns corredores. O local precisou ser interditado.
A obra foi prometida para começar em setembro do ano passado. Porém, até o fim da aulas, sequer havia começado. Em fevereiro, uma nova promessa: dar a largada nos trabalhos em março e, até abril, ter o prédio pronto para receber os estudantes. Nada ocorreu.
Enquanto isso, os alunos são atendidos provisoriamente no prédio da Escola Euclides da Cunha, no bairro Menino Deus, a quatro quilômetros da Dom Pedro I. Para o trajeto, estudantes do Glória precisam pegar dois ônibus.
Na manhã de sexta-feira, a comunidade escolar se reuniu em frente ao prédio, parcialmente sob escombros, para pedir providências. Em papéis recortados em forma de casa, os alunos desenharam a escola que sonham ter e como se sentiriam nela. Cartazes com os desenhos foram fixados no portão e em uma das paredes da escola.
A dona de casa Léa Calage Oviedo, 59 anos, foi com as duas netas, Carol, sete, e Alana, dez. Moradora do bairro Glória, ela fica todas as manhãs na escola – turno em que as netas estudam – para não precisar voltar para casa e retornar para buscá-las.
— Pela manhã, minha filha e meu genro nos deixam de carro na escola. Ao meio-dia, volto de carro de aplicativo, pois se voltasse de ônibus, chegaria só às 13h45min em casa. Isso, desde setembro do ano passado. É cansativo porque ninguém resolve nada, está cada vez pior — comenta ela, que fez cartazes e usou nariz de palhaço no protesto.
Pneu da cadeira de rodas furou
Desde setembro, a merendeira Silvia Nara Quiroga, 42 anos, gasta R$ 48,60 diariamente para levar e buscar os filhos Marcos Vinicius, 13 anos, que é cadeirante e isento de pagar a passagem, Isadora, 10 anos, e Jadson, oito anos. O trajeto começa na linha Glória e segue no T2 para chegar ao Menino Deus.
— Com toda essa função, o pneu da cadeira de rodas do meu filho já furou cinco vezes. Quando mês está acabando, e as passagens de ônibus também, vou a pé para o trabalho. Tínhamos uma esperança de ter nossa escola de volta, mas, até agora, nada _ desabafa Silvia.
Incentivadora da manifestação, a diretora da escola Dom Pedro, Maria do Carmo Oliveira, explica que, para os professores a situação provisória também é um transtorno:
— A maioria deles mora perto da escola Dom Pedro e precisa se deslocar até aqui (na Euclides da Cunha, onde os professores estão atuando). Alguns pais se obrigam a ficar aqui todo o turno de aula por causa do problema de transporte.
Uma terceira promessa da Seduc
Questionada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) fez uma terceira promessa para o começo das obras. Por meio da assessoria de comunicação, a secretaria informou que a empresa que fará a obra já foi escolhida e chamada para assinar o contrato.
A previsão é de que os trabalhos comecem em uma semana. A reforma está orçada em R$ 150 mil. O prazo para a conclusão é de 30 dias.