Quantas pessoas vivem no Rio Grande do Sul? Há quantos homens e quantas mulheres no Estado? Quais são as cidades mais populosas? São perguntas simples, mas encontrar a resposta nem sempre é trabalho fácil – e as fontes que reúnem essas informações geralmente as apresentam de um jeito técnico, voltado para pesquisadores e acadêmicos. Com o objetivo de facilitar o acesso a dados como esses, a Fundação de Economia e Estatística (FEE) lançou um atlas digital, o Atlas FEE, direcionado a estudantes e professores do Rio Grande do Sul.
Em uma apresentação gráfica, didática, com linguagem acessível, o atlas escolar reúne os principais indicadores utilizados nas pesquisas da FEE – tanto aqueles produzidos pela instituição gaúcha quanto por outras, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Não há informações novas ou antes inacessíveis, e alguns dos dados são referentes a 2010, mas o grande diferencial está no fato de todo esse material estar reunido em um mesmo projeto, de fácil compreensão para todos.
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– É uma lacuna patente no mercado editorial de livros didáticos uma obra que tematize o Rio Grande do Sul em seus aspectos socioeconômicos de uma forma abrangente, sintética, atraente e acessível para o público jovem – destaca a geógrafa Mariana Lisboa Pessoa, que coordenou o projeto.
Aspectos políticos, econômicos, geográficos, populacionais, ambientais do Estado estão presentes no material, que tem na cartografia seu suporte principal. Apesar de voltado às escolas, a apresentação do Atlas FEE indica que "seu alcance é, por certo, bem mais amplo, na medida em que oferece a todos os interessados a possibilidade tanto de consultas temáticas pontuais quanto de uma apreensão panorâmica da realidade gaúcha, em suas dimensões econômica, social e física".
– São dados seguros que permitem conhecer o Rio Grande do Sul por dentro e dar suporte para as atividades que os professores desenvolvem em aula – afirmou a professora Márcia Coiro, diretora do Departamento Pedagógico da Secretaria da Educação do Estado, durante o lançamento do Atlas FEE, na semana passada.
A coordenadora do projeto explica que o objetivo é manter uma atualização dinâmica e permanente, contando com a participação de professores e alunos por meio de sugestões.
– Nossa ideia é, se a FEE continuar a existir, fazer uma atualização anual nesse material – diz Mariana Pessoa. – E não só atualizar dados, mas também acrescentar variáveis a partir do que as escolas nos comunicarem que sentiram falta.
O professor de geografia Vagner Garcez Soares, da Escola Estadual de Ensino Médio Padre Réus, foi um dos primeiros a usar o atlas. Ele destacou a distribuição das informações e as possibilidades de uso do material na escola.
– É importante que alunos e professores possam acessar um material que permite conhecer a diversidade do nosso Estado – comenta o docente.
Na apresentação da publicação, também é destacada sua função como "um recurso didático adequado ao desenvolvimento de conteúdos de humanidades e de habilidades cognitivas, como a leitura cartográfica, a compreensão de linguagens gráficas e a interpretação", aspectos cobrados em provas como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibulares, sendo o mais importante deles no Estado o processo seletivo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Para essa prova,
aliás, a coordenadora do trabalho comparou questões do concurso dos dois últimos anos e afirma ter encontrado várias perguntas cujas respostas estão no atlas.
Por cinco anos, 11 pesquisadores envolveram-se na produção do material. A intenção original era, em parceria com a Secretaria Estadual da Educação, imprimir e distribuir o atlas nas escolas, mas, em razão da crise nas finanças, essa parte do projeto foi deixada de lado. Ainda assim, os responsáveis pelo projeto reforçam que as próprias instituições de ensino, tanto públicas quanto particulares, podem fazer uso do atlas de maneira digital.
Panorama abrangente
No Atlas FEE, cada tema é apresentado por meio de um mapa e de um texto explicativo, com apoio de outros recursos visuais (figuras, gráficos e fotografias). A obra compõe um panorama abrangente sobre os aspectos econômicos, sociais e físicos do RS. Em formato PDF, o atlas pode ser visto em qualquer dispositivo eletrônico, mas tem melhor apresentação no computador.
Educação
O mapa mostra a taxa de analfabetismo – que supera os 7% em seis regiões – e o número de matrículas nos ensinos Infantil e Superior.
Desocupação
Mesmo com dados referentes a 2010, chama atenção a quantidade de regiões com taxa de indivíduos desempregados acima de 4%.
Mortalidade infantil
Dados de 2013 mostram as diferenças entre os índices de mortes de crianças com menos de um ano em todo o Estado, enquanto o texto explica que o coeficiente está em constante queda desde a década de 1970.
Curiosidades
No atlas, os visitantes terão acesso a informações como
– O Estado coleta menos de 50% do esgoto gerado e trata apenas cerca de 13% desse total.
– O Vale do Sinos era a região com taxa de urbanização mais alta em 2010 (97,9%), seguido pela Metropolitana, com 97,62%.
– O Vale do Rio dos Sinos tinha, em 2013, 943 habitantes por quilômetro quadrado. A taxa é quase cem vezes maior do que os Campos de Cima da Serra, que tinham 9,6 habitantes por quilômetro quadrado no mesmo ano.
– O ponto culminante do Rio Grande do Sul é o Pico do Monte Negro, em São José dos Ausentes (cerca de 1,4 mil metros), enquanto o mais elevado do Brasil é o Pico da Neblina (2,99 mil metros), no Amazonas.