Entre resolução do Conselho Universitário e decisão judicial, a consulta à comunidade acadêmica para escolher a nova reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) terminou em impasse sobre a chapa vencedora, nesta segunda-feira (15).
Nesta terça (16), o dia foi de divergência: parte dos alunos, professores e técnicos-administrativos entende que o cálculo a ser usado deve ser aquele que no qual os votos dos docentes valem mais e outra parte defende que todos os votos deveriam ter o mesmo peso. A depender da conta, muda o vitorioso.
Em todas as eleições para a reitoria realizadas pela instituição até agora, os votos dos professores tinham peso de 70%, contra 15% os dos estudantes e 15% os dos técnicos-administrativos. Neste ano, a previsão inicial era de que as escolhas dos três segmentos tivessem o mesmo peso – a chamada “consulta paritária”. Apesar de essa mudança ter sido aprovada pelo Conselho Universitário (Consun), uma decisão judicial determinou que se retornasse ao cálculo antigo.
Depois da sentença, as três chapas inscritas defenderam a consulta paritária em um termo de compromisso, e pediram que esse cálculo fosse levado em consideração pelos membros do Consun, que fará a eleição oficial da reitoria nesta sexta-feira (19). Diferentemente da consulta à comunidade, que não tem validade legal, a votação dos conselheiros do órgão máximo deliberativo da universidade é o instrumento oficial para compor a lista tríplice dos três nomes mais escolhidos. Esse documento é, por fim, encaminhada para o Ministério da Educação (MEC), que nomeia os novos reitor e vice-reitor.
O Consun não tem a obrigação de seguir a decisão dos alunos, professores e técnicos-administrativos, mas costuma referendá-la. A dúvida, agora, é sobre qual será o entendimento dos membros do conselho. Pela decisão judicial, os votos dos professores valem mais e quem ganha é a chapa 2, formada por Ilma Brum e Vladimir Nascimento. Pelo acordo entre os candidatos, a vencedora é a chapa 3, composta por Marcia Barbosa e Pedro Costa.
Candidata a reitora pela chapa 2, Ilma Brum defende que ela e Vladimir se inscreveram no edital da consulta à comunidade, que sofreu uma alteração, devido à decisão judicial, que precisa ser respeitada:
Nesse edital, a chapa 2 foi a vencedora. O que a chapa 3 alega, de um compromisso formado, não existe em nenhum documento assinado. O que existiu foi um acordo informal de que nós respeitaríamos a consulta, mas dentro das regras do edital. Quando nós nos candidatamos, a regra era a paridade. Quando, no meio da consulta, o edital alterou, nós continuamos seguindo o edital
ILMA BRUM
Chapa 2
Já a candidata a reitora pela chapa 3, Marcia Barbosa, ressalta que o apoio à paridade foi aprovado pelo Consun, o que demonstra que era defendido pela comunidade acadêmica, e que era um consenso entre as chapas:
Esse tema foi apresentado várias vezes durante os debates, o tema de que todas nós apoiávamos a paridade, porque não apoiar a paridade teria um custo eleitoral muito grande. Mas não dá para dizer em um momento e, depois, não dizer. Eu sei que na política isso às vezes é tradição, você dizer uma coisa e, depois, desdizer, mas, na ciência, quando tem uma evidência, por mais que você deseje que cloroquina funcione, cloroquina não funciona e você vai dizer: não funciona.
MARCIA BARBOSA
Chapa 3
Ambas as chapas entendem que a eleição do Consun é soberana e deve ser respeitada. No total, 17.636 pessoas votaram, das 43.851 aptas a participar. Destas, 2.611 são docentes, 1.998 técnicos-administrativos e 13.027 estudantes. O mandato do vencedor será de setembro de 2024 a setembro de 2028.
Confira o número de votos de cada chapa
Chapa 2
- Docentes: 1.198
- Técnicos-administrativos: 443
- Estudantes: 3.446
- Total: 5.087
Chapa 3
- Docentes: 989
- Técnicos-administrativos: 656
- Estudantes: 4.975
- Total: 6.620
Chapa 1
- Docentes: 396
- Técnicos-administrativos: 874
- Estudantes: 4.420
- Total: 5.690