Com novidades no processo eleitoral, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) tem três chapas inscritas – todas com candidatas a reitora do sexo feminino – para concorrer à gestão da reitoria de 2024 a 2028. Pela primeira vez, os votos de estudantes, servidores técnicos e professores terão o mesmo peso na consulta à comunidade universitária anterior ao envio do resultado para o Conselho Universitário (Consun).
Até as eleições passadas, a escolha dos docentes representava 70% do resultado final, e os demais segmentos, 15% cada. A mudança foi aprovada pelo Consun em novembro do ano passado e chegou a ser suspensa pelo atual reitor, Carlos André Bulhões Mendes, por meio de despacho em março. No final de maio, o conselho aprovou uma nova resolução definindo os procedimentos para uma chamada “consulta informal”, na qual a paridade – quando os votos de todas as parcelas da comunidade têm o mesmo peso – é aplicada.
Em entrevista à Rádio Gaúcha no dia 31 de maio, Bulhões afirmou que a normal eleitoral é definida pelo Consun, e não por ele, que tem somente a competência de assinar o documento com o resultado e enviá-lo ao ministro da Educação.
— Da maneira como houve a resolução do Conselho Universitário, eles falam de uma consulta informal e paritária, é o que é dito “não vinculante”. Então, é uma maneira inteligente, até outras universidades já fizeram isso, de fazer uma espécie de pesquisa de opinião à comunidade. Quem vai eleger mesmo, a eleição que vale, que vai na ata e tudo mais, é o Consun, e a composição do Consun é de 70% de professores, 15% de alunos e 15% dos servidores técnicos administrativos — observou o reitor durante entrevista.
A consulta informal, que acontecerá de forma remota no sistema de eleições da UFRGS das 7h às 22h do dia 15 de julho, terá a participação de todos os professores, técnicos-administrativos e estudantes da instituição que quiserem votar, e será paritária. O resultado dessa votação será apresentado ao Consun, que convocará reunião para realizar a eleição oficial, com a participação somente dos conselheiros eleitos. É desse encontro que sai a lista tríplice formal, com primeiro, segundo e terceiro colocados.
— A eleição do Consun pode ou não ter o mesmo resultado da consulta informal, mas tudo indica que o conselho respeitará o resultado, que é uma coleta de opiniões da comunidade universitária — ressalta Gabriel Focking, presidente da comissão formada para organizar a consulta informal.
O resultado final da consulta informal está previsto para ser divulgado no dia 18 de julho. Logo após, o Consun fará sua votação, ainda sem data definida. O motivo da pressa é que a lista tríplice precisa ser enviada ao Ministério da Educação (MEC) pelo menos 60 dias antes do mandato do atual reitor, que termina em 20 de setembro.
— Acreditamos que o MEC terá uma tolerância com esse prazo, em virtude da enchente, que afetou, inclusive, o nosso calendário acadêmico, mas não queremos ultrapassar muito esse período — pontua Focking.
Mesmo não sendo oficialmente válida, a consulta informal está sendo levada muito a sério por todos os segmentos da comunidade acadêmica, segundo o presidente da comissão:
— As entidades estão encarando essa consulta com extrema seriedade e um compromisso enorme, porque é um formato que amplia a democracia e a participação dos servidores técnicos e dos discentes da universidade. Estamos fazendo esse processo da forma mais democrática e transparente possível, para que universidade faça a melhor escolha.
Apesar de todo o processo eleitoral, o MEC não tem a obrigação de nomear como reitor o nome mais votado tanto na consulta informal como no Consun. Foi o que aconteceu em 2020, durante o governo Bolsonaro, quando o nome menos votado da lista tríplice – Bulhões – foi o escolhido pela pasta.
Os candidatos
As três chapas inscritas têm mulheres como candidatas a reitora e homens como candidatos a vice-reitor.
Chapa 1
A chapa 1 é composta por Liliane Ferrari Giordani e Carlos Alberto Gonçalves.
Liliane é diretora da Faculdade de Educação da UFRGS. Formada em Educação Especial pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e com mestrado e doutorado em Educação pela UFRGS, é professora na instituição desde 2011.
Carlos Alberto Saraiva Gonçalves tem graduação em Medicina pela Universidade Católica de Pelotas (Ucpel), mestrado em Ciências Biológicas (Bioquímica) pela UFRGS, doutorado em Ciências (Bioquímica) pela Universidade Federal do Paraná e pós-doutorado na Universidade de Newcastle, na Austrália. É professor da UFRGS desde 1991.
Chapa 2
A chapa 2 é composta por Ilma Simoni Brum da Silva e Vladimir Pinheiro do Nascimento.
Ilma é diretora do Instituto de Ciências Básicas da Saúde da UFRGS. Formada em Ciências Biológicas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e com mestrado e doutorado em Ciências de Ciências Básicas da Saúde na UFRGS, além de pós-doutorado no Institut nacional de la Santé el la Recherche Médicale, na França, é professora na instituição desde 1996.
Vladimir Pinheiro do Nascimento é diretor da Faculdade de Veterinária da UFRGS. Possui graduação em Medicina Veterinária pela UFRGS e é PhD na Universidade de Glasgow, na Escócia. Atua como professor na UFRGS desde 1995. É consultor do Ministério da Agricultura e da FAO/ONU.
Chapa 3
A chapa 3 é composta por Márcia Cristina Bernardes Barbosa e Pedro de Almeida Costa.
Márcia tem graduação, mestrado e doutorado em Física pela UFRGS. É professora da instituição desde 1991. Era secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Pedro de Almeida Costa possui graduação, mestrado e doutorado em Administração pela UFRGS. É professor da Escola de Administração UFRGS desde 2010.