Para a estudante Geórgia de Carvalho Cunha, 19 anos, que está entre os seis alunos do Rio Grande do Sul que “gabaritaram” a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023, "o repertório fez a diferença". A gaúcha conta que tem um caderno que utiliza para guardar referências de leituras que considera relevantes, e esse hábito ajudou bastante.
— Desde a época do colégio comecei a usar esse livro de repertório, que uso para registrar referências sobre diversos assuntos. Fui anotando informações de filmes que assisti, de livros, citações, qualquer coisa que pudesse embasar minha argumentação. Usei inclusive livros que li na escola, durante o Ensino Médio. Aí eu ia revisando, me ajudou muito — conta.
Geórgia afirma que nem sempre teve facilidade para escrever. Para ela, a nota mil foi uma surpresa:
— Foi muito emocionante ver o resultado, eu não esperava nem um pouco, a nota máxima parecia algo impossível para mim — lembra. Antes, ela tinha dificuldade de organizar as ideias e redigir o texto no tempo de prova. Segundo Geórgia, além das leituras, a constância nos estudos a auxiliou.
Depois de se formar no Ensino Médio, em 2021, a estudante de Porto Alegre foi atrás de um cursinho voltado para ingresso em Medicina, seu curso dos sonhos. Ela fez aulas no pré-vestibular Método em 2022 e 2023. Para o professor de redação do curso, Filipe Vuaden, a aluna se destacou pela assiduidade, e por buscar corrigir os erros sempre que possível.
— A Geórgia sempre buscava nosso atendimento da equipe de professores de redação para sanar as dúvidas e conversar. No primeiro ano, ela já tinha ido bem, e depois continuou estudando e se dedicando — relata.
A aluna fez a modalidade de curso semi-integral em 2023, o que foi importante para conseguir dedicar mais tempo aos estudos pela tarde e escrever mais. Para ela, foi fundamental desconstruir a ideia de que havia uma estrutura pronta de redação a ser seguida. O que realmente fez a diferença foi a prática e a bagagem acumulada:
— Eu sempre fui demorada para fazer redação, o período geralmente era apertado, mas fui praticando e melhorando. Acho que não existe uma fórmula perfeita para ir bem na redação. Eu tentei fazer isso, mas deixava meu texto engessado. O que importa é dedicação e constância — argumenta a aluna.
A jovem passou para o curso de Medicina no vestibular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), mas não conseguiu vaga na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Agora, ela aguarda o resultado do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para pleitear uma vaga em uma instituição federal.