O Brasil participa, pela primeira vez, do International Early Learning and Child Well-Being Study (IELS) – Estudo Internacional sobre Aprendizagem Precoce e Bem-Estar Infantil, em português –, criado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O estudo busca avaliar conhecimentos sobre linguagem, raciocínio matemático, autorregulação e habilidades socioemocionais de crianças de 5 anos.
Os resultados podem servir como apoio para o Brasil criar políticas públicas para a primeira infância e ajustar as estratégias áreas da saúde, educação e proteção social. O relatório final será divulgado em março de 2026.
Em nota, o diretor de Educação e Competências da OCDE, Andreas Schleicher, ressaltou o interesse do Brasil em participar do IELS e o compromisso com a melhoria da educação infantil do país.
“O estudo IELS da OCDE é fundamental para entender como as trajetórias futuras das crianças são moldadas nos primeiros anos, por meio do desenvolvimento de habilidades iniciais em alfabetização, cálculo, resolução de problemas e empatia.”
Fase de teste
Em maio deste ano, a fase de pré-teste do estudo foi finalizada no país, com a participação de 30 escolas públicas e privadas de três regiões – Norte, Nordeste e Sudeste – com amostra de cerca de 350 estudantes da pré-escola.
Em maio de 2025, o estudo será ampliado para 250 escolas de cem municípios. A versão completa avaliará cerca de 3 mil crianças da pré-escola.
No Brasil, o estudo é liderado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. A entidade atua pela promoção do desenvolvimento da primeira infância. Em nota, a CEO da fundação, Mariana Luz, afirmou que o estudo será fundamental para que o país trace estratégias voltadas à redução de desigualdades educacionais.
“A frequência à pré-escola influencia positivamente a trajetória escolar e está associada a melhores resultados nas etapas seguintes, além de ser um fator de proteção essencial para crianças em situação de vulnerabilidade social.”
Países participantes
Os dados comparativos sobre as habilidades iniciais das crianças ajudam os países a identificar melhor os fatores que promovem ou dificultam a aprendizagem precoce das crianças.
Nesta, que a é segunda edição do estudo internacional sobre aprendizagem precoce e bem-estar infantil, o Brasil é o único país participante no Hemisfério Sul. Além do Brasil, serão avaliadas crianças de Holanda, Inglaterra, Estônia, Azerbaijão, Emirados Árabes, Singapura, Bélgica e República Checa.
A primeira edição do IELS, realizada em 2018, registrou dados de três países: Reino Unido, Estados Unidos e Estônia.
Metodologia
No Brasil, o estudo será coordenado pelos pesquisadores Mariane Koslinski e Tiago Bartholo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A interação com as crianças será feita a partir de brincadeiras e histórias com auxílio de tablets e acompanhamento presencial de um pesquisador.
Tanto na fase de pré-teste quanto na próxima, em maio, além das crianças, a avaliação do IELS é feita por meio de escuta e aplicação de questionário sobre o desenvolvimento das crianças às famílias e profissionais das redes de pública, privada e conveniada.
A aplicação completa do IELS no Brasil custará cerca de R$ 13 milhões e terá apoio de instituições como Serviço Social da Indústria (Sesi), B3 Social, Fundação Itaú Social, Fundação Lemann e Fundação Lia Maria Aguiar.
O diretor superintendente do Sesi, Rafael Lucchesi, ressaltou a relevância do IELS, afirmando que o levantamento é o primeiro em larga escala direcionado ao desenvolvimento infantil e possibilitará ampliar a compreensão da infância brasileira.