Não é novidade que o excesso de peso na mochila pode ser um perigo para os pequenos. Antes da puberdade, normalmente, as crianças têm menos massa muscular, ou seja, contam com menos força que os adultos. Por isso, os pais precisam ficar atentos à mochila escolar, cuidando para que não seja muito pesada e que os filhos a carreguem na postura correta.
De acordo com especialistas, o uso inadequado pode provocar dores nos ombros e nas costas. Mas afinal, qual é o peso ideal? A resposta é: depende do peso da criança. Segundo o médico ortopedista pediátrico Sérgio Roberto Canarim Danesi, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), o peso da mochila não deve exceder 10% do peso da criança. Por exemplo, se o estudante pesa 30 quilos, a mochila não pode ultrapassar 3 quilos.
Com a proximidade do início do ano letivo, chega a hora de comprar o material escolar, incluindo a mochila e o que vai nela. Para ajudar na preparação, use a calculadora abaixo para saber qual o peso máximo que seus filhos podem carregar. Basta inserir o peso da criança:
Riscos do uso inadequado
Conforme o médico consultado por GZH, se estiver mal regulada ou acima do peso ideal, a mochila pode causar dor nas costas, além de aumentar o risco da criança se desequilibrar e cair. Ele diz que é preciso ligar o sinal de alerta e consultar um médico sempre que os filhos reclamarem de dor nas costas, já que isso não é comum na infância.
— É raro uma criança se queixar de dor nas costas. Quando isso acontece, normalmente está associado ao peso excessivo da mochila. Por isso, é importante que os pais fiquem de olho.
A dor nas costas e nos ombros é causada pelo fato de a criança ter menos massa muscular para suportar o peso, especialmente antes de chegar à puberdade. As meninas passam a ter estrutura muscular mais estabelecida após os 10 anos, aproximadamente, e os meninos, só depois dos 12 anos.
Outro perigo é o desequilíbrio, que acontece quando a criança usa a mochila de forma incorreta. É muito comum que os pequenos carreguem a mochila escolar em um ombro só, concentrando o peso de um lado do corpo. Dessa forma, a musculatura tenta compensar isso, causando a dor, conforme o médio. Além disso, a criança vai ficar com um lado do corpo sobrecarregado e pode acabar caindo e se machucando, por conta do desequilíbrio.
A escoliose tem outro tipo de origem, que nada tem a ver com a mochila.
SÉRGIO ROBERTO DANESI
HCPA
O médico ressalta que não há relação entre escoliose e peso excessivo nas costas, como muitos pais pensam. A mochila em si não causa deformidades na criança, mas pode desencadear outros problemas, como lesões.
— Temos que desmistificar essa ideia de que o mau uso da mochila pode causar desvio na coluna. Não é algo comprovado, a escoliose tem outro tipo de origem, que nada tem a ver com a mochila — afirma Danesi. De modo geral, é preciso carregar a mochila com as alças apoiadas nos dois ombros, sem que ela fique longe do corpo. Ou seja, ao regular as alças, é recomendável não deixá-las muito compridas, para que a mochila não fique longe.
Escolhendo a mochila
Uma boa alternativa são as mochilas de rodinhas. Neste caso, vale a mesma regra: ela não deve ultrapassar 10% do peso da criança. Antes de usar, é preciso garantir que as rodinhas funcionem bem e tenham boa resistência, para que a criança não tenha que fazer esforço.
Para quem optar pela mochila tradicional, sem rodinhas, vale observar as recomendações indicadas pelo médico. De acordo com o ortopedista, uma boa dica é buscar mochilas que contam com cinto de segurança nas costas. Esse recurso serve para manter o peso próximo ao corpo, passando pela cintura, facilitando o transporte.
Para distribuir de maneira uniforme os materiais dentro da mochila, é recomendável escolher uma que tenha vários compartimentos. O ideal é deixar os itens mais pesados no fundo da mochila, como livros e cadernos. Isso garante maior equilíbrio. Quanto às alças, vale dar preferências às mais largas e acolchoadas.