O governo do Estado lançou, nesta terça-feira (26), uma parceria que prevê um investimento de oito anos na gestão educacional da rede estadual, a fim de alavancar a qualidade do ensino e os indicadores da área. Já implementado pelo Instituto Unibanco em 11 unidades federativas, o programa Jovem de Futuro terá início em 20 regionais a partir de 2024 e em outras 10 em 2027.
Na prática, a metodologia consiste em um ciclo de ações realizadas três vezes por ano na Secretaria Estadual de Educação (Seduc), nas Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) e nas escolas. O circuito tem início com a pactuação das metas para um determinado período, segue com a execução e o monitoramento e, depois, com a avaliação dos resultados. Aí, é feita a correção de rota e passa-se, de novo, à etapa de execução e monitoramento.
A iniciativa, que tem ações previstas até 2030 no RS, não terá nenhum custo para o governo do Estado. A única contrapartida será garantir o deslocamento e o pagamento de diárias e hospedagem a professores que fizerem as formações.
Como funciona
Será oferecido um contínuo de formações para ao menos duas pessoas de cada escola da rede, normalmente a diretora e o orientador pedagógico, ao longo dos três anos. Essa capacitação envolverá várias rodadas, com níveis crescentes de aprofundamento. O programa também prevê atividades de mobilização e engajamento, além da presença de cerca de 250 tutores regionais que farão a supervisão do que acontece nas instituições de ensino.
Cada diretor precisará fazer um plano anual para a sua escola, alinhado ao plano da Seduc. É esse planejamento que será submetido a um acompanhamento, que conta com três avaliações ao longo do ano, a fim de mensurar os resultados e redefinir as diretrizes. Apesar de os processos envolverem várias etapas, o superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, assegura que a iniciativa não trará mais coisas para professores e direção das escolas fazerem – pelo contrário.
— Se o programa funciona bem, o tempo de trabalho, não só da diretora, mas da equipe de direção como um todo, é totalmente redefinido. Você sai do estado de emergência permanente e começa a ter estratégias cotidianas de lidar com problemas que são recorrentes, e não episódios, mas que são tratados separadamente. Quando a gente organiza isso bem, o tempo sobra, no sentido de estar dedicado àquilo que é mais difícil e desafiador — explica Henriques.
A ideia é que essa nova lógica crie uma mudança de cultura nas instituições de ensino, internalizada aos poucos, até que não haja mais necessidade de acompanhamento do Instituto Unibanco.
Em 2024, as escolas de 20 das 30 CREs gaúchas já terão a implementação do Jovem de Futuro. No total, serão abrangidos quase 290 mil alunos de instituições só de Ensino Médio ou que têm também alunos dos Anos Finais do Fundamental. Em 2027, a implantação será concluída, incorporando também mais cerca de 133 mil estudantes dessas etapas das outras 10 regionais.
Estratégias educacionais
O programa foi lançado em 2007 e atua em Estados que são destaque nos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal indicador de qualidade de ensino do país. Entre eles, estão Goiás, Espírito Santo e Ceará, por exemplo.
— O Rio Grande do Sul tem uma política educacional errática na sua história recente. A má notícia é que muitos Estados brasileiros têm esse comportamento. A boa é que há Estados que têm conseguido seguir uma linha de crescimento nos componentes do Ideb, e o que eles têm em comum são estratégias educacionais estruturadas — pontua Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco.
Em Goiás, o conceito no Ensino Médio subiu de 3,6, em 2011, para 4,7, em 2019. O Ceará passou de nota 3,4 para 4,2 no período. Já o Espírito Santo saiu de 3,7, em 2015, ano de início da parceria, para 4,6, em 2019.
Para a secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, a qualidade individual dos professores da rede estadual é muito boa, mas ainda falta coesão como sistema educacional.
— O Ideb, para mim, é importante como símbolo de aprendizagem. O que a gente quer é estabelecer metas de aprendizagem para os alunos, independentemente de ter uma avaliação externa ou não. Queremos a excelência, mas ela não é um ato, e sim um hábito. Com esse programa, queremos trazer a excelência para uma rede já grandiosa — ressalta a secretária.
O governador Eduardo Leite pediu, ainda, que as escolas tenham participação expressiva nas avaliações educacionais.
— Os indicadores não servem simplesmente para premiar ou punir os governos: são para identificar onde estão as nossas vulnerabilidades para, aí, trilharmos a rota que nos levará até onde queremos. Não adianta termos um GPS se não soubermos para onde queremos ir — defende Leite.
Anúncio sobre a remuneração dos servidores
Em sua fala, o governador contou, ainda, que novidades relativas à remuneração dos servidores, entre eles os professores da rede, serão apresentadas em breve. O anúncio deve ocorrer no final de outubro, em alusão ao Dia do Servidor Público.