Parte do trabalhadores brasileiros se diz entusiasmada com o uso da inteligência artificial (IA) generativa no trabalho, principalmente os millennials – nascidos entre 1983 e 1994. É o que mostra um levantamento da consultoria Deloitte. Conforme a pesquisa, 33% desse grupo fica empolgado com a adoção das novas tecnologias, sendo que 28% depositam confiança no uso das ferramentas.
Quanto à geração Z, que se refere aos que nasceram entre 1995 e 2004, somente 22% se sentem entusiasmados com a IA generativa, 21% sentem confiança e 21% têm incertezas. Os dados são da 13ª edição do Gen Z and Millennial Survey 2024.
A chamada IA generativa permite criar novos conteúdos com agilidade por meio de grandes modelos de linguagem. Atualmente, ferramentas como ChatGPT e Google Bard são usadas frequentemente para gerar conteúdo em diversos segmentos. Profissionais de áreas como produção audiovisual podem utilizar as plataformas para gerar roteiros, imagens e resumos automaticamente.
Outro uso comum é na área de experiência do usuário. Os modelos de IA podem contribuir para aperfeiçoar chatbots e demais ferramentas em um site ou aplicativo. Para o líder de People & Purpose da Deloitte, Marcos Olliver, o contraste nas percepções sobre o uso da IA generativa reflete as diferentes experiências e expectativas das gerações em relação à tecnologia:
— Os millennials, tendo crescido em uma era de avanços tecnológicos rápidos, tendem a confiar mais na IA e se sentem mais entusiasmados com suas possibilidades. Por outro lado, a geração Z, que cresceu em um ambiente de maior conscientização sobre questões sociais e ambientais, pode ser mais cautelosa em relação à IA — afirma.
Mudanças no mundo do trabalho
Segundo o professor dos cursos de computação da Universidade Feevale, Juliano Varella de Carvalho, o avanço da IA generativa vem contribuindo para levar essas tecnologias a diferentes campos, muito além da área de Tecnologia da Informação (TI).
— A inteligência artificial é bastante antiga, embora tenha tido um boom nos últimos cinco anos em função desses grandes modelos de linguagem [LLM]. Com a IA generativa, o uso da IA está se popularizando e chegando a diversas profissões, como marketing e publicidade — explica.
E isso já vem promovendo mudanças no mercado de trabalho. No total, 36% dos millennials brasileiros que responderam à pesquisa da Deloitte utilizam ferramentas de IA generativa sempre ou com muita frequência. Em relação aos jovens da geração Z, 28% afirmam que são usuários frequentes das plataformas.
O levantamento aponta que as percepções positivas sobre essa tecnologia aumentam com mais experiência prática. Por exemplo, quando questionados sobre os benefícios da IA generativa no trabalho, 64% do total de jovens da geração Z responderam que acreditam que a tecnologia possibilita mais tempo para focar em estratégia e criatividade.
Entre os millennials, 71% apontaram essa possibilidade. Em relação à tecnologia eliminar empregos, 57% da geração Z acredita nesta hipótese, contra 62% dos millennials.
De acordo com Juliano, as profissões já estão se transformando por conta da IA generativa, e os profissionais precisam se adaptar a essa nova realidade.
— Certamente alguns empregos serão impactados pelo uso massivo de IA. Mas há uma perspectiva de geração de novas profissões, como a que chamamos engenheiro de prompt, que é a pessoa que projeta prompts para se comunicar com a ferramenta de IA da melhor maneira possível. É necessário conhecer como as ferramentas se comportam para que os resultados sejam eficientes — diz o professor.
Dados do Fórum Econômico Mundial apontam que cerca de 23% das ocupações devem se modificar até 2027, muitas delas por conta da adoção de novas tecnologias que podem vir a substituir processos e eliminar postos.