O Conselho Universitário (Consun) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) elegeu uma comissão especial para analisar um novo pedido de destituição do reitor da instituição, Carlos André Bulhões Mendes, e da vice-reitora, Patrícia Pranke, nomeados em 2020. A eleição para o grupo foi realizada em 28 de abril, na última sessão do órgão. Esta é a segunda solicitação do tipo envolvendo a atual reitoria da universidade.
Em nota enviada por e-mail, o Consun informou que a comissão especial paritária terá a função de discutir e encaminhar o novo pedido de destituição ao Ministério da Educação (MEC). A primeira reunião do grupo deve ser realizada na próxima semana, ocasião em que será eleita a pessoa responsável por presidir a comissão e discutida a dinâmica de trabalho.
A proposta de destituição político-institucional foi assinada por 39 docentes da UFRGS e apresentada ao Consun em março deste ano. Em um documento de 28 páginas, o grupo apresenta uma série de argumentos para o pedido.
Entre esses pontos, o texto cita “ações e omissões que comprometem o adequado funcionamento da universidade, com destaque para a desarticulação e os conflitos com os conselhos superiores e direções de unidades”; “posturas e decisões anticientíficas e negacionistas da reitoria interventora”; e “alinhamento de ações e discursos com o bolsonarismo radicalizado e as disputas internas entre os interventores na reitoria, com implicações em processos administrativos e na imagem institucional da UFRGS para a sociedade”.
De acordo com o Pedro de Almeida Costa, professor da Escola de Administração da UFRGS, que faz parte do coletivo que entrou com o novo pedido de destituição, a comissão especial deve analisar a solicitação e formular um parecer para votação em plenário. Caso haja definição pela destituição, o pedido é encaminhado ao MEC, que pode decidir acolher ou não a possível recomendação do Consun.
— Deve levar de dois a três meses para chegar esse parecer em plenário, porque pode haver pedido de vistas. Então, pode levar uns quatro ou cinco meses para a destituição ser votada. Nesse período de tramitação, nosso coletivo, mais estudantes e técnicos que defendem a destituição, deve organizar conversas e mobilizações na comunidade universitária — afirma Costa.
O mandato de Bulhões e Patrícia, nomeados em 2020 pelo então presidente Jair Bolsonaro, vai até setembro de 2024. A chapa com os dois professores ficou em terceiro lugar em uma consulta interna à época. Em 2021, o Consun já havia solicitado a destituição, após o reitor promover uma reforma administrativa anteriormente vetada pelo órgão deliberativo. Em dezembro do mesmo ano, a reitoria da UFRGS informou que o MEC havia arquivado o pedido.
Segundo a comunicação da UFRGS,"não haverá manifestação do reitor sobre este tema neste momento".