Correção: Mônica Timm é CEO da Elefante Letrado, e não fundadora da startup, como informou a reportagem entre as 17h34min de quinta-feira (20) e as 9h45min desta sexta-feira (21). O texto já foi corrigido.
Profissionais da educação têm preconceito contra avaliações de desempenho de alunos e seus dados estatísticos, avalia Mônica Timm, CEO da startup gaúcha de leitura Elefante Letrado, ex-diretora do Colégio Israelita e integrante do movimento Pacto Pela Educação. No ensino básico, a tecnologia é ainda mais mal vista, segundo ela.
Em debate na manhã desta quinta-feira (20) na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) durante o evento Tecnopuc Experience, Mônica defendeu que a tecnologia é aliada do ensino por permitir que ele seja modelado de acordo com as necessidades dos alunos.
— A educação não pode estar apartada da inovação e da mudança. As pessoas acham que a tecnologia desumaniza, mas há humanidade na tecnologia. Eu, professora, não dou conta de personalizar o ensino e aferir a capacidade de leitura de cada um dos meus 40 alunos. No Brasil, há receio de pensar a educação com base em evidências e dados como se fosse robotizar ou algo neoliberal. Temos que desconstruir isso, os melhores países do mundo em educação trabalham com base em dados. O que não pode é transformar a tecnologia em entretenimento — afirmou.
Formada em Letras e mestre em Gestão Educacional, ela dirigiu o Colégio Israelita por 17 anos e é CEO da Elefante Letrado, empresa de tecnologia focada em incentivar a leitura entre as crianças.
A plataforma, contratada por escolas como Israelita, Sinodal e Santa Inês, permite a estudantes dos primeiros anos do Ensino Fundamental ler um acervo de livros pensados para o gosto dos alunos. O foco em crianças até o 5º ano, explica a professora, ocorre porque é até essa faixa etária que se molda a receptividade do indivíduo à leitura.
Até o fim deste ano, a edtech prevê lançar uma tecnologia que permitirá ao professor inserir um áudio de uma criança lendo. Um robô analisará a fluência de leitura e classificará o nível de aprendizado do aluno para auxiliar o docente onde há algum problema a ser resolvido.
Mônica reconhece que muitas tecnologias aplicadas à educação carecem de estudos científicos, o que ajuda a reforçar, entre professores, certa “preguiça” com novidades. Mas ela diz que, quando a ferramenta é bem pesquisada, há grande potencial de benefício em sala de aula.
— Entendo críticas de professores às tecnologias porque muitas não são boas e nem amparadas em pesquisas. Professores percebem inconsistências na tecnologia, não adianta uma tela grande em branco e gamificação se não tem propósito. Mas, com a tecnologia, é mais fácil entender as necessidades das crianças e modelar trilhas de aprendizagem — diz.
O debate ocorreu dentro do Tecnopuc Experience, evento com entrada gratuita que ocorre ao longo desta quinta-feira na PUCRS com mais de 80 palestras e conversas sobre inovação e empreendedorismo, com foco em tecnologia, ciência e negócios. O sócio-fundador da RBS Ventures, Mauricio Sirotsky Neto conduziu uma palestra sobre estratégias para inovar e alavancar os negócios. Débora Pradella, gerente de Produto e Experiência Digital, falou sobre business agility na transformação digital de grandes empresas. Já a gerente-executiva de Gestão de Pessoas do Grupo RBS, Fernanda Damiani, conduziu painel sobre inteligência coletiva para execução da estratégia.