Enquanto outras instituições de Ensino Superior anunciam fechamento de cursos, a Imed anunciou nesta quinta-feira (25) um investimento de R$ 100 milhões para os próximos quatro anos, em inovação e expansão. O nome também mudou: desde quarta-feira (24), passou a ser Atitus Educação, como forma de desvincular a marca da área da Saúde e torná-la mais abrangente. Entre os principais projetos, está a abertura de campi em cinco municípios gaúchos: Caxias do Sul, Erechim, Novo Hamburgo, Santa Cruz do Sul e Santa Maria.
O primeiro novo campus a abrir será em Erechim, já em 2023. Além da ampliação das atividades no Rio Grande do Sul – que já conta com cursos nas cidades de Ijuí, Passo Fundo e Porto Alegre – a Atitus também pretende entrar no mercado de outros Estados, com foco especialmente na região Sul.
— O Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os dois únicos Estados com forte composição de Ensino Superior presencial em instituições comunitárias e pequenas instituições, com 600 / mil alunos, particulares. Então, enxergamos a oportunidade de consolidar o setor no Rio Grande do Sul e depois em Santa Catarina, construindo universidades multicampi nos principais polos econômicos do Estado — explicou o presidente de instituição, Eduardo Capellari, em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta quinta-feira.
Segundo Capellari, as cinco cidades selecionadas para a abertura dos campi, junto com as outras três que nas quais a Atitus já atua, constituem, juntas, 90% de todas as matrículas em graduações presenciais do RS. A antiga Imed cogita, ainda, fazer investimentos em Pelotas.
A ideia é que a empresa consolide pequenas instituições que não sobreviverão ao processo de mudança estrutural no Ensino Superior em curso pela próxima década. Conforme o presidente, três fatores levam a essa mudança:
— Temos três fatores mexendo nessa estrutura. O primeiro é que não há mais política pública de financiamento do ensino privado, como o FIES, que catapultou muitas instituições de 2008 a 2010. Em segundo, passamos, de 2016 para cá, por momento econômico muito difícil. Se pesquisarmos essa faixa de 18 a 30 anos é onde está o maior percentual de desemprego do país, então esse jovem não tem condições de pagar por uma faculdade. E, em terceiro, o RS será a primeira unidade da federação em 2035 em que a população vai parar de crescer. Temos cada vez menos alunos no Ensino Médio, portanto, menos que vão para o Ensino Superior.
Com a redução de alunos, o entendimento de Capellari é de que é preciso reestruturar o portfólio de cursos oferecidos pelas instituições privadas – graduações em licenciaturas ou em Ciências Humanas, por exemplo, têm pouca procura e precisariam de subsídio público para não deixem de existir. A estratégia da Atitus é focar em cursos vinculados ao mercado. Em Porto Alegre, um dos campi da instituição é, inclusive, no Instituto Caldeira, hub de inovação e tecnologia composto por empresas.
Daniel Sperb, vice-presidente de Inovação da Atitus relata que a decisão sobre em quais municípios a instituição investiria se deu a partir de análise criteriosa de dados.
— Os dados balizam nossas decisões, o que é um pouco atípico no meio universitário. Entendemos que estas cidades funcionem como potências em termos econômicos, até pelas indústrias que estão instaladas nelas, que nos ajudaram a tomar essas decisões — destaca Sperb.
Além de campi também em Santa Catarina e Paraná, a Atitus pretende ter uma base em São Paulo, que consome muito a área de tecnologia, que é uma demanda, mas nem sempre bem aproveitada, no entendimento do vice-presidente.
— A prova disso é que há um número baixo de matrículas em cursos de tecnologia. É um sinal nítido de enfraquecimento da percepção de valor dos cursos atuais, mas também da inadequação dos currículos atuais. Esses cursos não têm preparado os estudantes para as demandas do mercado — avalia Sperb.