Diferentemente de um empreendimento tradicional, negócios de impacto socioambiental têm como atividade principal beneficiar ou resolver um problema social e/ou ambiental, mas ainda assim geram lucro — o que também os diferencia das Organizações não Governamentais (ONGs). Para ser classificada desta forma, o modelo de negócio da empresa deve estar baseado nessa resolução, mas isso não significa que deve ter um foco maior no impacto gerado.
— O negócio de impacto socioambiental tem esses dois focos (resolução de problema e lucro) bem equilibrados. Para isso, se monta um modelo de negócio que geralmente é inovador e que se diferencia pelo seu nível competitivo, porque já nasce com o foco em resolver o problema e, ao resolver o problema, consegue gerar lucro — explica o coordenador dos Negócios de Impacto Social do Sebrae RS Pedro Torresini.
De acordo com Torresini, é provável que, no futuro, boa parte dos negócios sigam este modelo, porque é um grande diferencial de mercado:
— Acho que esse tipo de negócio é uma tendência que vai ficar cada vez mais forte. Os clientes já não compram só por comprar, eles querem saber desde a procedência e o que essa empresa vai deixar de legado para a sociedade. Então, conforme vamos tendo mais problemas sociais e ambientais, empresas dispostas a resolvê-los podem se destacar mais.
A tendência em questão é observada inclusive em levantamentos como o Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental de 2021. Desenvolvida pelo Pipe.Labo, um centro de estudos sobre esse mercado no Brasil, a pesquisa online mapeou 1.272 empreendimentos espalhados por todas as regiões do país. A maior concentração fica no Sudeste, com 58% — em seguida aparecem Nordeste e Sul, com 16% e 15%, respectivamente.
O que é jornalismo de soluções?
É uma prática jornalística que abre espaço para o debate de saídas para problemas relevantes, com diferentes visões e aprofundamento dos temas. A ideia é, mais do que apresentar o assunto, focar na resolução das questões, visando ao desenvolvimento da sociedade.
Como características do principal fundador, os dados apontam que 54% são homens, 43% mulheres e outros 3% não declararam. Quase metade (49%) têm entre 30 e 44 anos, enquanto 22% é ainda mais jovem, e a maioria (66%) é branca, com Ensino Superior completo. Já as verticais de impacto predominantes são tecnologias verdes (49%) e cidadania (40%).
Rede de apoio feminina
Victória Melo Martins, coordenadora de projetos da Besouro Agência de Fomento Social, comenta que, diariamente, é possível notar, em programas dentro das comunidades, que as redes de mulheres empreendedoras crescem e se fortalecem. Isso porque, segundo ela, há um fator de representatividade que une essas empreendedoras em torno do propósito de empoderar outras para que elas também conquistem sua autonomia financeira.
— Cada vez mais entendemos que temos um papel fundamental de incentivar e construir realidades melhores umas para as outras, e é dessa forma que o empreendedorismo feminino voltado ao desenvolvimento social se fortalece e impacta de forma positiva as comunidades onde essas mulheres estão inseridas e suas realidades. O impacto social é uma escala, quando uma mulher gera renda e desenvolve a sua autonomia, ela gera uma rede de impacto que transforma a vida de outras mulheres — aponta.
Confira exemplos de negócios de impacto socioambiental criados em periferias gaúchas: