Em meio a mais uma troca de comando no Ministério da Educação (MEC) – a quarta durante o governo de Jair Bolsonaro – a presidente da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz, fez duras críticas à conduta da pasta, até então chefiada por Milton Ribeiro, durante a pandemia. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (29), a educadora afirmou que o governo federal não se comprometeu com políticas públicas para o Ensino Básico nos últimos três anos, além de não dar uma orientação correta aos Estados e municípios durante a crise sanitária provocada pelo coronavírus.
— O governo federal sempre assumiu protagonismo dessas redes escolares em massa no Brasil. A gente vinha num caminho que o governo federal (era mais ativo), cada um de seu jeito. A gente sempre criticou, mas era sempre dentro de políticas reais. (...) Em três anos e meio, este governo não produziu uma política de educação sequer — afirmou.
Priscila criticou a forma como o governo conduziu o ensino durante a pandemia, com "completa ausência". Apesar da decisão de fechar escolas partir dos governos estaduais, a presidente da ONG avalia que faltou uma orientação correta do MEC. Segundo ela, as escolas "deveriam ser as últimas a fechar e as primeiras a reabrir".
— Esse tempo todo com as escolas fechadas, ao meu ver, foi o maior erro do Brasil durante a pandemia. As escolas fecharam rapidamente e foram as últimas a reabrirem. Tivemos um período excessivo com escolas fechadas — disse, lamentando que as crianças não irão recuperar o que perderam em apenas dois anos.
Troca no MEC
Na segunda-feira (28), o então ministro da Educação, Milton Ribeiro, anunciou sua saída do cargo. O pedido de exoneração veio por meio de uma carta, e acontece após a crise instalada dentro da pasta com a revelação da existência de pastores evangélicos, sem vínculo com o poder público, atuando em uma espécie de gabinete paralelo.
O Palácio do Planalto confirmou o pedido de demissão com a publicação da exoneração no Diário Oficial da União.
A crise dentro da pasta veio após reportagens na imprensa revelarem que dois pastores estariam controlando a distribuição de verbas da pasta. Prefeitos afirmaram que receberam pedidos de propina para, em troca, receber recursos financeiros do ministério.