O Conselho Universitário (Consun) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) aprovou na sexta-feira (17) os nomes dos membros de uma comissão que terá como objetivo qualificar a forma como a instituição lida com casos de racismo ocorridos dentro da comunidade acadêmica. A partir de janeiro, o grupo, composto por seis pessoas, passará a elaborar a proposta de criação uma ferramenta para acolher e encaminhar denúncias desse tipo de crime.
O caso do doutorando de Filosofia Álvaro Hauschild, que foi indiciado em outubro pelo crime de racismo qualificado após trocas de mensagens serem expostas nas redes sociais, fortaleceu o debate sobre o tema dentro da universidade. A ideia, segundo a conselheira propositora da comissão, Tamyres Filgueira, é que haja uma estrutura dentro da instituição que receba denúncias de casos de racismo e os encaminhe, uma vez que hoje o combate ao racismo acontece em órgãos da UFRGS, mas não de forma institucional.
— É importante que a UFRGS se posicione sobre os casos e, se comprovado o crime, que seja proposta a expulsão dos racistas. Não é mais possível que o racismo seja naturalizado dentro da universidade. Essas pessoas que estão sendo racistas têm que ser criminalizadas pelo que fizeram — defende Tamyres.
Como os membros da comissão ainda não se reuniram, não há uma proposta delineada. A principal desejo do grupo, porém, é que esse acolhimento aconteça em um ou mais espaços físicos – pode ser em um local no Campus Central, por exemplo, ou em dois, abrangendo também o Campus do Vale. Os encontros da comissão serão iniciados em janeiro e a ideia é que a proposta seja apresentada em reunião do Consun até março. O órgão, então, votará o projeto. Caso aprovada, a proposta é, em seguida, executada pela universidade.
Além da criação de um espaço de acolhimento, a comissão deve promover debates e propostas de políticas de combate ao racismo, conforme Tamyres. A criação da comissão foi aprovada por unanimidade entre os conselheiros do Consun.