A autorização para retomada das aulas presenciais mobilizou poucos alunos nesta quinta-feira (29). Na rede municipal, podem regressar os matriculados na educação infantil, e no 1º e 2º anos do Ensino Fundamental, calendário definido pela prefeitura.
A Escola Emílio Meyer, no bairro Medianeira, não recebeu nenhum estudante até as 8h15min – os portões foram abertos antes das 7h, mas apenas os servidores ingressaram no prédio, demarcado para orientar o distanciamento e com totem de álcool gel no saguão.
Na Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Jardim Salomoni, bairro Vila Nova, sete crianças brincavam no jardim nesta manhã. A instituição acolhe o público de 12 meses a seis anos incompletos. A diretora Simone Volkmer Drafta explica ter dividido o retorno em dois grupos: primeiro, os mais velhos, e a partir desta sexta-feira (30), os de menor idade.
A secretária da educação de Porto Alegre, Janaína Audino, diz já ser esperada uma adesão tímida no primeiro dia. Aguarda que a procura cresça na próxima semana.
– O movimento foi forte para reabertura em fevereiro, com 80% a 90% dos pais programadas para as aulas. Com o agravamento da pandemia, os pais ficaram mais receosos. No início, agora, teremos poucas crianças, mas esperamos nas próximas semanas mais movimento - afirma.
Enquanto algumas escolas aguardam maior adesão, outras não puderam abrir. Segundo a Secretaria Municipal da Educação (Smed), 13 dos 98 colégios do município informaram algum problema estrutural - cinco não tem condições de atender, e os demais estão abertos, com interdição parcial nas salas, ou reparos em andamento, por reformas autorizadas recentemente.
O prédio que abriga as crianças das séries iniciais da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) José Loureiro da Silva não tem luz. Pela segunda vez desde o início da pandemia, a instituição do bairro Cristal foi invadida e teve a fiação elétrica furtada.
– É muito frustrante a gente vir pra escola, que cuidamos com todo carinho, e ver que ela foi invadida. A ideia era trocar a fiação quando fosse autorizada a volta às aulas, mas foi decidido muito em cima - informa a diretora, Irene Kehl Martins.
Pedreiros trabalhavam na hidráulica de uma sala de aula - às escuras - e outros trabalhadores reformavam os banheiros. Os locais sofrem com infiltrações e defeito nas descargas. Cerca de 20% dos mil alunos da escola integram o grupo que poderia regressar nesta quinta.
Vizinho ao Morro do Osso, o terreno da Emef Neusa Goulart Brizola, no bairro Cavalhada, também não teve aula. O turno da manhã foi de reuniões para organizar protocolos e colocar em dia a manutenção. O terreno sofre com mato alto nas áreas de lazer, e no parquinho utilizado pelas crianças da Educação Infantil. Um profissional já foi acionado, e deve realizar a capina até o final de semana. Janelas vandalizadas também precisam ser trocadas.
– Temos muito o que fazer, nos entristece muito ter de voltar assim - afirma a diretora Soraia Dornelles Marques.
A vice-diretora Gislaine Marques Leães lamenta o fato de os educadores não terem prioridade na campanha de imunização. Segundo a docente, as famílias não querem regressar.
– Elas vêm buscar as cestas básicas, pois precisam de ajuda. Mas têm consciência do risco de voltar. É ultrajante não sermos vacinados - lamenta.
Entre os níveis Infantil e Fundamental, a escola tem 400 alunos.
Há ainda, segundo a secretária Janaína Audino, duas escolas sem caixa d’água funcionando.
– Estarem há muito tempo fechadas possibilita invasões e furtos. Importante dizer que problemas estruturais sempre existirão. Isso é gestão, e vamos ter que acompanhar - complementa a titular da pasta da educação no município.
A reportagem encontrou duas escolas fechadas: a Emef Gabriel Obino, no bairro Cascata, e a Emef Vila Monte Cristo, na Vila Nova. Em ambas, não havia qualquer movimento no pátio por volta das 9h.