A decisão do governo do Estado de acabar com a trava que limitava a capacidade de ocupação das salas de aula é vista com preocupação pelo Cpers – sindicato que representa os professores da rede estadual. A entidade diz que a flexibilização na quantidade de alunos por sala de aula vai provocar aglomeração nos momentos de convivência dos estudantes, como na chegada, no intervalo e na saída das escolas.
— A escola não é só a sala de aula. Essa é nossa preocupação: quanto mais alunos tivermos nas escolas, mais aglomeração teremos no início da aula. Fica impossível também manter o distanciamento no recreio, a gente conhece os alunos, os adolescentes — disse a presidente do sindicato, Helenir Schürer.
Além disso, a dirigente destaca que a medida estadual vai aumentar a circulação de pessoas no transporte público e escolar, favorecendo a circulação do vírus.
— Na hora do deslocamento para as escolas, teremos muito mais circulação de pessoas, o que vai fazer o vírus circular mais rapidamente também — projeta Helenir.
O Cpers também critica a forma com que o governo do Estado toma as decisões sobre regras na educação e divulga as mudanças:
— É a forma que o governo tem usado, uma forma de nos pegar de surpresa, durante o feriadão, que nos impede muitas vezes de dar uma resposta mais pronta.
Entenda a mudança
Na segunda-feira (15), o governo do Estado retirou da lista de protocolos de segurança sanitária a trava que limitava a 50% a ocupação das salas de aula. Assim, fica valendo apenas a regra que determina o espaço de 1,5 metro entre cada um dos alunos sentados nas salas de aula.
Para salas pequenas, a mudança não deve ter grande impacto na lotação. Contudo, as salas com maior metragem podem quase dobrar a quantidade de alunos.
Como exemplo, tome-se o caso de uma sala com 60 metros quadrados, em que estudavam 30 alunos antes do início da pandemia. Com a trava, o limite seria de 15 estudantes. Agora, até 26 pessoas podem ocupar essa sala de aula.
Como medir
A regra em vigor prevê que cada estudante sentado fique com distância mínima de 1,5 metro de cada um dos demais alunos que estão ao seu redor. Com esse distanciamento previsto entre cada aluno sentado, o governo do Estado considera que a capacidade das salas de aula deve considerar um espaço médio de 2,25 metros quadrados por estudante.
Nota do Cpers
Em nota, o Cpers reclama que "em plena segunda-feira de Carnaval, após uma semana marcada pelo salto de 22,5% nas internações e a chegada da cepa mais transmissível da covid-19 no RS, o governador Eduardo Leite (PSDB) revogou a norma que limitava em 50% a ocupação de salas de aula durante a pandemia". Para o sindicato, a decisão agrava a situação das escolas, "já abandonadas à própria sorte pela falta de fiscalização, ausência de testagem, incompetência na entrega de EPIs e graves carências estruturais, financeiras e de recursos humanos".
Por fim, o Cpers afirma que os educadores continuarão lutando "pelo direito ao principal bem resguardado pela Constituição: a vida. Exigimos vacinação imediata para todos os profissionais da educação, respeito e condições mínimas de segurança. Sem vacina, sem testes, sem recursos, sem estrutura, sem profissionais, sem fiscalização, sem protocolos e sem governador - nem que seja para assumir a responsabilidade pelas mortes - não há como voltar".