O Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe) avalia que a flexibilização do governo do Estado na ocupação de salas de aula vai se refletir, especialmente, no aumento das turmas da Educação Infantil e das séries iniciais do Ensino Fundamental. A previsão é feita pelo Sinepe a partir do relato de diretores de escolas.
Conforme o presidente do Sinepe, Bruno Eizerik, a tendência é de que as escolas destinem as salas de aula mais amplas para abrigar os alunos mais novos e, assim, atender todos diariamente, sem revezamento. A explicação é que os mais novos têm mais dificuldade de manter o aprendizado quando estão em casa, estudando no formato remoto.
— Acredito que as escolas vão acabar se adequando para prioritariamente atender a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. Pegar as turmas de Educação Infantil e das séries iniciais do Ensino Fundamental e colocar nas salas maiores. Assim, todos os alunos da turma poderão ir todo dia para a aula. Já os alunos do sexto ano em diante, colocar nas salas menores, mantendo a turma dividida em duas — diz Eizerik.
Outra consequência da flexibilização é a adaptação de ginásios e galpões das escolas para uso como sala de aula. Como não há mais a trava do governo estadual que limitava a 50% da turma nas salas, é possível atender todos os alunos simultaneamente, se o espaço for amplo o suficiente para manter as estudantes sentados com distância mínima de 1,5 metro entre si.
— Eu falei com um diretor que tem um terceiro ano grande, com 40 alunos, e disse que vai realocar o terceiro ano no auditório. Outro diretor falou que já adaptou o ginásio para se tornar uma sala de aula ampliada — conta Eizerik.
A entidade também destaca que a flexibilização impactará mais as escolas que funcionam em edifícios antigos, construídos com arquitetura que privilegiava salas maiores.
Entenda a mudança
Na segunda-feira (15), o governo do Estado acatou pedido do Sinepe e retirou da lista de protocolos de segurança sanitária a trava que limitava a ocupação das salas de aula a 50% dos alunos. Assim, fica valendo apenas o protocolo que determina o espaçamento de 1,5 metro entre cada um dos alunos sentados nas salas de aula para evitar a propagação do coronavírus.
Para salas pequenas, a mudança não deve provocar impacto na lotação. Contudo, as salas com maior área podem quase dobrar a quantidade de alunos.
Como exemplo, tome-se uma sala de aula com 60 metros quadrados, em que estudavam 30 alunos antes do início da pandemia. Pela regra anterior, o limite seria de 15 alunos estudando simultaneamente. Agora, até 26 pessoas podem ocupar a sala de aula ao mesmo tempo.
Como medir
A regra em vigor prevê que cada estudante sentado fique com distância mínima de 1,5 metro de cada um dos demais alunos que estão ao seu redor. Com esse distanciamento previsto entre cada aluno sentado, o governo do Estado considera que a capacidade das salas de aula deve considerar um espaço médio de 2,25 metros quadrados por estudante.