Com a autorização para a retomada das aulas presenciais para os anos iniciais do Ensino Fundamental em escolas estaduais, a Secretaria da Educação (Seduc) atinge, nesta quinta-feira (12), a última etapa do calendário do retorno gradativo das redes pública e privada de ensino do Rio Grande do Sul.
Até o momento, de acordo com o balanço mais recente da pasta, 168 (6,8%) das 2.467 instituições estaduais gaúchas voltaram a ter professores e alunos em sala de aula após o início da pandemia de coronavírus. Aquelas que ainda não recomeçaram, independentemente do motivo, devem manter regime de plantão para oferecer suporte a quem estiver em aulas remotas e para receber os equipamentos de proteção individual (EPIs).
Para reabrir, a escola precisa ter recebido todos os EPIs considerados prioritários (álcool gel, máscaras e termômetros) e estar há pelo menos duas semanas consecutivas em uma região com bandeira amarela ou laranja no mapa de distanciamento controlado.
Em Porto Alegre, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Uruguai, no bairro Moinhos de Vento, abriu às 8h para receber estimados 28 estudantes — de um total de quase 400 — em dois turnos, 13 pela manhã e 15 à tarde. Devido ao atraso na entrega de EPIs, só agora as atividades dos anos finais do Ensino Fundamental foram liberadas. Por meio de pesquisa, os pais opinaram a respeito do desejo de liberar os filhos ou não.
— A opção é deles. Estamos todos com medo neste momento difícil, mas tudo será feito de maneira bem tranquila, nada com correria — comentou a diretora Arlete Maria Xavier.
Na entrada, os alunos mostravam o pulso para aferição da temperatura, lavavam as mãos com álcool gel e ganhavam uma máscara. Pablo Campanha Sanchez Silveira, 13 anos, quis ser o primeiro a chegar, e foi levado de carro pela mãe, a administradora Carla Campana Ribeiro Sanchez, 44, bem antes do horário.
— Acho importante a volta. Na maior parte do ano, foi tudo pela internet. É um dano emocional também, não só ao ensino. Ele está na idade do auge do contato com os amigos. Já abriram tantas coisas, por que a escola não vai abrir? É um dano muito profundo na vida deles — comentou Carla, que acompanhou o adolescente até o portão.
Ao avistar o primeiro colega chegando, Pablo abriu os braços:
— E aí, Lucas! Tudo bem?
A turma com maior número de alunos aguardados era justamente a de Pablo, que está no 7º ano: sete. Para hoje, a previsão era de aula de matemática, das 8h às 10h30min. Em outra sala, apenas um professor e um estudante.
Na Escola Estadual Professor Olintho de Oliveira, na Cidade Baixa, o portão estava trancado, e o chamado pelo interfone não obteve resposta. Um vizinho disse que, na véspera, havia movimentação de funcionários no local.
Perto dali, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Cândido Portinari, no Menino Deus, a diretora, Márcia Fontana, informou que os alunos não voltaram porque a entrega de máscaras e escudos faciais ainda não foi realizada. É preciso também cobrir as ausências de profissionais afastados por integrarem o grupo de risco e organizar o Centro de Operação de Emergência em Saúde para Educação (COE).
— Queremos trabalhar. Gostaríamos de retornar — disse Márcia.
Segundo a assessoria de imprensa da Seduc, a expectativa é de concluir a entrega de EPIs até o final de novembro.