O governo do Estado divulgou, nesta terça-feira (1º), sua proposta de retomada das aulas presenciais para escolas públicas e privadas. O Piratini retirou as restrições de trabalho presencial nas instituições de ensino a partir de 8 de setembro, começando pela Educação Infantil. No entanto, entidades como o Cpers-Sindicato e a Famurs discordam do cronograma. Confira os destaques do dia na área da educação do Rio Grande do Sul:
Governo retira restrições para a volta das aulas presenciais a partir de 8 de setembro, começando pela Educação Infantil
Segundo o cronograma apresentado pelo governo do Estado, a ideia é liberar os encontros presenciais em setembro, de forma escalonada, concluindo o processo em novembro. As etapas começam pela Educação Infantil em 8 de setembro, passando pelo Ensino Médio e Ensino Superior, em 21 de setembro, e o Ensino Fundamental, entre 28 de outubro (anos finais) e 12 de novembro (anos iniciais).
A decisão, em qualquer das datas propostas, caberá aos municípios.
Escolas públicas do RS podem retornar a partir de 13 de outubro
A data de 13 de outubro marca o fim das restrições para o início da retomada da rede estadual de ensino, se assim permitirem as condições sanitárias. As turmas de Ensino Médio serão as primeiras. Já os anos finais do Ensino Fundamental podem retornar em 28 de outubro, junto com a rede particular. O mesmo ocorre com os anos iniciais, que poderão retornar em 12 de novembro com a rede particular.
O modelo híbrido permanecerá ocorrendo, com as turmas sendo divididas por dia ou semana: parte do grupo em sala de aula e outra em casa por determinado período, para que o distanciamento mínimo seja cumprido.
O motivo da data diferente da retomada em relação ao cronograma anunciado na manhã desta terça é, segundo o governo, a necessidade da compra de equipamentos e de adaptação das escolas estaduais. Até então, o governo não havia projetado uma data específica para o retorno da rede pública do Estado.
Como fica o calendário proposto
- Educação Infantil - levantamento das restrições de atividades presenciais no dia 8 de setembro
- Ensino Médio e Ensino Superior - 21 de setembro
- Retorno das atividades presenciais na rede estadual de Ensino Médio- 13 de outubro
- Ensino Fundamental (anos finais), incluindo rede estadual - 28 de outubro
- Ensino Fundamental (anos iniciais), incluindo rede estadual - 12 de novembro
Cpers e Famurs discordam do calendário do Estado
Para o Cpers-Sindicato, que representa os professores da rede estadual de ensino, o calendário de retorno das aulas presenciais é precipitado e irresponsável. Segundo a secretária-geral do sindicato, Candida Rossetto, o governo do Estado não forneceu as condições necessárias para o atendimento em regime de plantão que vem ocorrendo.
Já a avaliação da Famurs, entidade que representa os municípios, é de que não há segurança para iniciar a retomada nos próximos dias e que o governo do Estado está passando adiante a responsabilidade sobre o tema. O presidente da entidade, Maneco Hassen, argumenta ainda que as cidades funcionarão como "experimento" no processo, já na próxima semana, enquanto o governo do Estado ainda terá mais um mês para planejar o seu retorno.
– Na medida que o governo do Estado retorna só em 45 dias, ele terá tempo para analisar o retorno dos municípios e rede privada e, se for o caso, até voltar atrás com o retorno na rede estadual. Ele (o governo do Estado) deixa para os municípios fazerem o experimento da volta às aulas – disse.
Levantamento mostra que 96% das instituições de ensino têm profissionais em grupos de risco
Um levantamento feito junto às direções de escolas da rede estadual revelou que 96% das instituições de ensino têm profissionais pertencentes a grupos de risco para o coronavírus e que 44% dos educadores se enquadram nesse público-alvo da doença. O estudo, chamado "Educação e Pandemia no RS", realizado pelo Cpers em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), analisou 2.131 questionários, que contemplam 872 colégios.
Creches e colégios consideram difícil retorno em 8 de setembro
Proprietárias de creches e escolas que atendem alunos da Educação Infantil receberam com reserva o plano do governo do Estado propondo um novo cronograma para a retomada das aulas presenciais no Rio Grande do Sul. Para alguns desses estabelecimentos, um retorno ao ambiente escolar já na próxima terça-feira (8) é improvável, e qualquer movimento nesse sentido seria precipitado.
Talina Romano, proprietária da Escola Cofrinho de Mel, em Canoas, e representante do Sindicreches, explica que a definição de um calendário, como o proposto nesta terça pelo governo estadual, é importante para que todas as regiões se organizem e estejam prontas para esse retorno. Contudo, uma volta às aulas presenciais já na semana que vem é muito pouco provável.
Infectologista diz que retomada das aulas no RS neste momento é um caso inédito no mundo
O Rio Grande do Sul se transformaria em um caso inédito no mundo ao promover, em meio a taxas ainda muito elevadas de transmissão do coronavírus, a retomada gradual das aulas a partir de 8 de setembro. A opinião é do infectologista Alexandre Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que participou de debate promovido pelo programa Gaúcha+, da Rádio Gaúcha, na tarde desta terça-feira (1º). Mandar crianças, adolescentes e jovens de volta às salas de aula a partir de agora, da Educação Básica ao Ensino Superior, representaria uma situação epidemiológica sem equivalente em outros países, na opinião de Zavascki.