O Rio Grande do Sul se transformaria em um caso inédito no mundo ao promover, em meio a taxas ainda muito elevadas de transmissão do coronavírus, a retomada gradual das aulas a partir da próxima terça-feira (8). A opinião é do infectologista Alexandre Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que participou de debate promovido pelo programa Gaúcha+, da Rádio Gaúcha, na tarde desta terça-feira (1º).
A proposta de um novo calendário, a ser cumprido de forma escalonada, começando pela Educação Infantil, foi apresentada pelo governo estadual nesta manhã. O retorno seria por etapas e níveis de ensino, finalizando com os estudantes das séries iniciais, em 12 de novembro.
Mandar crianças, adolescentes e jovens de volta às salas de aula a partir de agora, da Educação Básica ao Ensino Superior, representaria uma situação epidemiológica sem equivalentes em outros países, na opinião de Zavascki:
— Não é o momento para retorno às aulas. O vírus ainda está circulando muito na comunidade do Rio Grande do Sul.
O infectologista Alexandre Vargas Schwarzbold, presidente da Sociedade Riograndense de Infectologia e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), também destaca que o coronavírus ainda está muito presente no Estado — em algumas regiões mais, e em outras, menos —, o que significa que uma volta generalizada às aulas presenciais seria uma operação arriscada.
Schwarzbold pensa que um modelo que contemplasse as necessidades de populações mais vulneráveis pudesse ser o mais adequado. Crianças matriculadas em instituições da rede pública, por exemplo, passariam a frequentar a escola novamente para que seus pais conseguissem retomar suas atividades profissionais, recuperando ou mantendo uma fonte de renda.
— Tem todo um movimento em torno da educação que volta a acontecer, desde o transporte público até as pessoas que levam e trazem as crianças. Isso vai fazer também com que a população traduza isso como “bom, vou poder trabalhar, as crianças já estão na escola”. Podemos voltar a ter picos epidêmicos por conta desse movimento ao redor dos alunos — analisa Schwarzbold.