O governo do Estado apresentou, nesta terça-feira (1º), o cronograma previsto para a retomada de aulas presenciais no Rio Grande do Sul. A ideia é retomar os encontros presenciais em setembro, de forma escalonada, concluindo o processo em novembro. As etapas começariam pela Educação Infantil em 8 de setembro, passando pelo Ensino Médio e Ensino Superior, em 21 de setembro, e o Ensino Fundamental, entre 28 de outubro (anos finais) e 12 de novembro (anos iniciais). A decisão, em qualquer das datas propostas, caberá aos municípios.
O novo cronograma foi detalhado e apresentado pelo governo aos prefeitos nesta manhã, com a presença de Famurs (entidade que representa os municípios gaúchos), Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado (TCE).
O primeiro cronograma apresentado pelo Estado – agora já descartado – previa a retomada de aulas a partir de segunda-feira (31). Aquela proposta foi rejeitada por 94,6% dos prefeitos gaúchos. A partir daí, o governo do Estado decidiu construir um cronograma, prevendo um adiamento de até 15 dias do plano inicial.
O governo destaca que o retorno não será obrigatório e que a volta às aulas só será permitida para regiões com bandeira amarela ou laranja no modelo de distanciamento controlado.
Até aqui, as propostas de retomada das aulas presenciais têm sido criticadas não só por prefeitos, mas também pelos principais sindicatos de professores da rede particular e pública. Essas entidades consideram insegura a retomada das aulas enquanto não houver queda consistente de mortes no Estado.
Para o Cpers-Sindicato, que representa os professores da rede estadual de ensino, o calendário de retorno das aulas presenciais, apresentado nesta terça-feira (1ª) pelo governador Eduardo Leite, é precipitado e irresponsável. Segundo a secretária-geral do sindicato, Candida Rossetto, o governo do Estado não forneceu as condições necessárias para o atendimento em regime de plantão que vem ocorrendo.
— Imagina, então, para o retorno das atividades. Primeiro, o governador precisa fazer a sua lição de casa e controlar a pandemia — avalia.
A avaliação da Famurs é de que não há segurança para iniciar a retomada nos próximos dias e que o governo do Estado está passando adiante a responsabilidade sobre o tema.
— O governo do Estado mais uma vez atira a responsabilidade para prefeitos e prefeitas, enquanto ele (o Estado) vai aguardar mais 45 dias para retornar com as aulas da sua rede, a rede estadual. Isso comprova o que já vínhamos dizendo: não há segurança para retorno das aulas agora, tanto é que o governo do Estado programou seu retorno para meados de outubro — apontou Maneco Hassen, presidente da Famurs.
Por meio de nota, o Sindicatos do Ensino Privado no Estado (Sinepe/RS) disse estar aguardando um anúncio oficial do governo do Estado, "para então, emitir uma nota com o nosso posicionamento".
Um levantamento feito junto às direções de escolas da rede estadual revelou que 96% das instituições de ensino têm profissionais pertencentes ao grupo de risco para o coronavírus e que 44% dos educadores se enquadram neste público-alvo da doença. O estudo chamado "Educação e Pandemia no RS", realizado pelo Cpers em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), analisou 2.131 questionários, que contemplam 872 colégios.