Levantamento feito junto às direções de escolas da rede estadual no RS revelou que há profissionais em grupos de risco para coronavírus em 96% dessas instituições de ensino – 44% dos educadores disseram ter alguma condição complicadora para a doença.
O estudo chamado Educação e Pandemia no RS foi realizado pelo Cpers-Sindicato em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e analisou 2.131 questionários que contemplam 872 colégios – 37,2% das escolas do o Rio Grande do Sul, que são 2.345, segundo dados do último censo escolar. A pesquisa foi divulgada no mesmo dia em que o governo do Estado apresentou nova proposta de retomada das aulas, começando pela Educação Infantil, em 8 de setembro.
Em 142 escolas (16,2% das que responderam ao levantamento), 15,7% dos educadores declararam que algum colega de sua escola foi diagnosticado com covid-19. Destes, 8,3% disseram que o profissional não foi imediatamente afastado. E 51% disseram ter tomado conhecimento de colegas com coronavírus que não tiveram o regime de trabalho alterado.
A pesquisa mostra ainda que, apesar de as aulas presenciais estarem suspensas, 69% dos educadores dizem ter realizado plantões para atender a comunidade, entregar ou receber trabalhos e realizar tarefas administrativas.
O levantamento traz também as medidas tomadas pelo Executivo gaúcho, por meio das Coordenadorias Regionais de Educação (CREs), uma vez que os casos haviam sido confirmados. Os dados revelam, segundo o Cpers, que, em 75,5% dos casos, não foi oferecida a pronta higienização do espaço escolar.
Em relação às condições de trabalho, foi apontado que, em 71% das instituições de ensino, não são fornecidas máscaras com a frequência necessária para todos os trabalhadores no período de plantão. entrouSoma-se a isso o fato de que 70% dos respondentes da pesquisa indicaram que a escola não tem espaço físico adequado para atender aos alunos mantendo o distanciamento social e em ambientes arejados. Por fim, foi revelado ainda que 81% das direções escolares declararam que a escola não tem número adequado de profissionais de limpeza para realizar a higienização necessária quando há atividades presenciais.
Para a secretária-geral do sindicato, Candida Rossetto, a pesquisa traz dados muito preocupantes e demonstra que o governo do Estado não está conseguindo dar as condições necessárias para os educadores que estão em plantão.
— Estamos numa vulnerabilidade muito grande, sem EPIs para quem está no plantão, quem dirá no retorno dos estudantes. Não tem condições de infraestrutura nas escolas. Se no período de normalidade já era precário, imagina em meio à pandemia — questiona.