Proprietárias de creches e escolas que atendem alunos da Educação Infantil receberam com reserva o plano do governo do Estado, apresentado nesta terça-feira (1º), propondo um novo cronograma para a retomada das aulas presenciais no Rio Grande do Sul. Para alguns desses estabelecimentos, um retorno ao ambiente escolar já na próxima terça-feira (8) é improvável, e qualquer movimento nesse sentido seria precipitado.
A ideia do governo é retomar os encontros presenciais em setembro, de forma escalonada, concluindo o processo em novembro. As etapas começariam pela Educação Infantil em 8 de setembro, passando pelo Ensino Médio e Ensino Superior, em 21 de setembro, e o Ensino Fundamental, entre 28 de outubro (anos finais) e 12 de novembro (anos iniciais). A decisão, em qualquer das datas propostas, caberá aos municípios.
Diretora educacional do Colégio Santa Doroteia, de Porto Alegre, Marinice Simon explicou que é possível voltar a receber as crianças na escola, mas que ainda há uma série de dúvidas e preocupações associadas.
— Entendemos, a partir das orientações do nosso assessor médico e dos indicativos científicos, que é o grupo de menor risco. Todas as medidas previstas no protocolo estão contempladas na estrutura da escola e serão observadas. No entanto, não sabemos como as crianças reagirão na prática, no dia a dia — garante a diretora.
Conforme Marinice, não há dúvidas de que a interação presencial dos alunos pequenos é importante no seu desenvolvimento e aprendizagem, mas a maior preocupação da escola e das famílias, no momento, é a segurança.
— Assim, mesmo não havendo ainda definição de datas por parte do poder municipal, estamos encaminhando nesta semana uma nova pesquisa para ouvir os pais. A partir de datas que sejam liberadas pela prefeitura e com as respostas dadas pelas famílias da escola, definiremos nosso cronograma próprio de retorno — afirma ela.
Talina Romano, proprietária da Escola Cofrinho de Mel, em Canoas, e representante do Sindicreches, explica que a definição de um calendário, como o proposto nesta terça pelo governo estadual, é importante para que todas as regiões se organizem e estejam prontas para esse retorno. Contudo, uma volta às aulas presenciais já na semana que vem é muito pouco provável.
— A data é importante, a mudança de bandeira (de vermelha para laranja) é importante, mas só podemos retornar efetivamente na data mencionada pelo governo se o COE (Centros de Operações de Emergência em Saúde para a Educação) municipal estiver funcionando e autorizando os protocolos de retorno dessas escolas. Ao mesmo tempo em que estamos muito felizes por essa data ter sido divulgada, estamos muito apreensivos também — detalha Talina.
Para a diretora educacional do Colégio Santa Doroteia, o retorno não se dará em 8 de setembro, como previsto pelo governo. Ela explica que, além de precisar aguardar a definição municipal, o colégio ainda vai consultar as famílias e promover encontros com o assessor médico a fim de que todas as orientações e dúvidas sejam abordadas.
— Nas pesquisas anteriores, cerca de 70% das famílias manifestaram que não enviariam seus filhos para as atividades presenciais. Mas as mudanças no cenário podem impactar nesse posicionamento, o que nos leva a fazer uma nova pesquisa, que pretendemos encaminhar quando houver algo realmente definido sobre as liberações oficiais — define Marinice Simon.