Questionador do distanciamento social no país, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, trava um amplo debate para manter as datas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020. Nesta terça-feira (5), ele alegou que as provas precisam ser realizadas como forma de pressionar governadores e prefeitos a retomarem as rotinas de aulas. E ainda disse que os calendários do Sistema Unificado de Seleção (Sisu), Programa Universidade para Todos (Prouni) e Financiamento Estudantil (Fies) devem ser mantidos.
— Tem muita gente não querendo o Enem para quebrar expectativas. O cara está em casa, desempregado, sem ter Enem, é a oficina do diabo. O cara não tem emprego, fica sem fazer nada. Então é importante manter o Enem para manter as expectativas das pessoas e começar a botar pressão para os governadores e prefeitos para voltar (o calendário escolar). Eles foram, na melhor das hipóteses, atabalhoados para fazer quarentena — explicou Weintraub.
Sobre o calendário das seleções, prometeu:
— Semana que vem saem as datas do Sisu, Prouni e Fies. Semana que vem sai tudo. E ninguém vai ser prejudicado. A gente está fazendo de tudo para, justamente, não prejudicar. Semana que vem tem todas as datas.
A declaração foi dada durante uma transmissão ao vivo no Canal do Negão, mantido pelo youtuber Alessandro Santana. O ministro deu exemplos de cidades com menos incidências de coronavírus e que, segundo ele, poderiam manter o calendário escolar. O trecho citado pode ser conferido por volta dos 58 minutos de transmissão.
Os deputados federais Professor Israel Batista (PV-DF) e Tabata Amaral (PDT-SP) pedem a suspensão do edital do Enem 2020. O projeto de Decreto Legislativo nº 167/202 prevê o adiamento das provas deste ano, marcadas para novembro.
O motivo alegado é a dificuldade de boa parte de estudantes brasileiros que, com aulas suspensas em função da pandemia, não possuem Internet e recursos para assistir videoaulas e ter outros acessos que permitam uma preparação adequada para a prova.
— Nossos alunos estão vendo seus futuros sendo colocados em jogo. O Brasil é profundamente desigual e os estudantes mais vulneráveis ficarão ainda mais para trás caso a prova do Enem seja mantida na mesma data — argumentou Tabata pelo Twitter.
Weintraub participou da reunião de líderes partidários do Senado, nesta terça-feira (5), para apresentar os argumentos, ressaltando que acredita que a crise de coronavírus não seguirá até a época das provas. A maioria dos senadores sugere uma nova data para o exame.
Desde o início da semana, o Ministério da Educação veicula uma propaganda em que jovens mantenham a rotina de estudos. “A vida não pode parar” e “estude de qualquer lugar!” são algumas das frases ditas pelos jovens e que geraram polêmica por não considerarem a população mais pobre.
Na Justiça
Na última quarta-feira (29), o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) suspendeu a liminar que exigia alterações no calendário do Enem de 2020. Na opinião do desembargador federal Antonio Cedenho, a mudança nas datas poderia afetar negativamente uma sucessão de eventos e, por consequência, atrasar o início do ingresso de estudantes no Ensino Superior. Assim, está mantido o cronograma e a aplicação das provas impressas em 1º e 8 de novembro.
As inscrições para o Enem 2020 ocorrem entre 11 e 22 de maio. As provas na versão impressa serão aplicadas nos dias 1º e 8 de novembro, enquanto que o modelo digital do Enem será em 22 e 29 de novembro. No Rio Grande do Sul, 3.450 candidatos vão testar o novo formato em Porto Alegre, Santa Maria, Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Pelotas e Santa Cruz.