Apesar de não ter registrado aumento expressivo no aprendizado de leitura, matemática e ciências entre alunos de 15 anos, o Brasil foi destaque positivo em outro aspecto educacional: inclusão. Conforme o relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2018, divulgado nesta terça-feira (3), o Brasil, assim como o Uruguai, conseguiu melhorar o acesso de estudantes ao Ensino Médio, mesmo com o decréscimo populacional nessa faixa etária nos últimos 15 anos.
A avaliação aponta ainda que isso foi feito sem que houvesse redução na qualidade do ensino. O país foi apenas um dos cinco citados pelo relatório como exemplares nesse quesito.
"Entre 2003 e 2018, Brasil, Indonésia, México, Turquia e Uruguai matricularam muito mais estudantes de 15 anos na educação secundária sem sacrificar a qualidade da educação oferecida", apontou a análise da prova, coordenada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e aplicada a 600 mil estudantes de 79 países.
"Uruguai e Brasil também aumentaram o número de estudantes de 15 anos elegíveis para participar do Pisa, apesar de terem uma população menor de pessoas com 15 anos em 2018 do que em 2003", prossegue o relatório.
Professor da Unisinos, Roberto Rafael Dias da Silva ressalta que o Brasil vive uma democratização tardia no acesso ao Ensino Médio, e que isso deve ser levado em conta ao se analisar os resultados do país em avaliações educacionais.
— Essa democratização do acesso ainda está em curso. Nos últimos 20 anos, uma massa muito significativa de estudantes tem ingressado nas nossas escolas públicas de Ensino Médio. Esse fenômeno que nós estamos vivendo merece uma reflexão mais consistente: tivemos um salto significativo no número de estudantes que chegam na educação secundária. Então vamos, sim, demorar mais para ter um padrão de desenvolvimento como o de países que já democratizaram esse acesso — defende o especialista.
Desempenho brasileiro no Pisa 2018
O desempenho dos estudantes no país melhorou em todos os níveis avaliados pelo Pisa em 2018. Ainda que de maneira tímida, as médias em leitura, matemática e ciências aumentaram na comparação com 2015, quando a última edição da prova trienal foi aplicada. Contudo, mesmo superando a performance anterior, o país ainda está muito abaixo da média mundial – e fica entre os cinco piores da América Latina.
No Brasil, não houve aumento expressivo em nenhuma das áreas avaliadas, mas o país tem demonstrado um crescimento consistente. As médias subiram entre cinco e seis pontos de 2015 para 2018, chegando a 413 em leitura – o maior da série histórica nacional –, 383 em matemática e 404 em ciências. Os resultados globais são de 487 em leitura, 489 em matemática e 489 em ciências.
Entre os países latino-americanos, incluindo o Caribe, o Brasil teve resultados piores que Chile, México, Colômbia e Uruguai, mas ficou à frente da Argentina, do Peru, do Panamá e da República Dominicana.