Muito impactadas pela enchente que atingiu o Rio Grande do Sul em maio, as micro e pequenas empresas (MPEs) gaúchas têm nova alternativa de socorro financeiro para acelerar a recuperação de seus negócios. Foi lançado nesta quarta-feira (9), em evento realizado na Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), em Porto Alegre, o fundo Estímulo Retomada RS. Financiado por 11 entidades, o fundo terá inicialmente R$ 39,1 milhões, já disponíveis para contratação pelos interessados.
O Estímulo foi fundado em 2020, em São Paulo, com o objetivo de oferecer socorro financeiro para micro e pequenas empresas que estavam passando por dificuldades durante a pandemia. Desde então, 4,1 mil MPEs já foram apoiadas pela iniciativa em todo o país, com R$ 253 milhões em auxílio financeiro concedido.
Após a tragédia climática de maio no Rio Grande do Sul, a organização se mobilizou para criar um fundo específico para apoiar as MPEs gaúchas impactadas. Com o apoio de 11 parceiros, reuniu inicialmente os R$ 39,1 milhões. O Reconstrói RS, por meio do Instituto Ling, doou R$ 20 milhões. Também contribuíram para o financiamento do fundo Itaú, Regenera RS, Banrisul, Instituto Helda Gerdau, Tramontina, Família Nestor de Paula, Alibem, Randon, Lebes e Soprano.
— A gente precisa ajudar os empreendedores a prosperar e a continuar gerando emprego. Estamos muito emocionados com esse lançamento, é o mesmo formato e a mesma ferramenta que já deu certo na pandemia e nesses último quatro anos. Agora, queremos que dê certo aqui, para ajudar na retomada desses empreendedores que estão precisando de fôlego e crédito para retomar seus negócios no Rio Grande do Sul — afirma o CEO do Estímulo, Vinicius Poit.
As MPEs podem contratar entre R$ 10 mil e R$ 200 mil do fundo. As operações terão condições especiais, como juro entre 0,99% e 1,49% ao mês. O prazo de pagamento é de 36 meses, com carência de seis meses.
Outra facilidade é a praticidade das contratações. O contato inicial por parte do interessado é feito pelo portal do fundo, e após preenchimento de um pequeno cadastro, ocorre a negociação para acertar a contratação, também por via digital. Segundo o Estímulo, após o acerto, o recurso contratado ingressa, em média, em até cinco dias na conta do empreendedor solicitante.
— Além do apoio financeiro, também proporcionamos às empresas uma capacitação complementar, gratuita, focada principalmente nas áreas de gestão financeira, contabilidade, vendas e marketing digital, feita em parceria com o Sebrae. São temas fundamentais para os empreendedores hoje em dia, esse conhecimento ajuda muito no sucesso dos negócios — reforça Vinicius Poit.
Estão habilitadas a contratar recursos micro e pequenas empresas gaúchas com receita mensal entre R$ 10 mil e R$ 400 mil, pelo menos dois anos de CNPJ regularizado e histórico de bom pagador. Diferentemente das linhas de crédito emergenciais criadas pelo governo federal após a enchente, operadas por instituições financeiras tradicionais, no Estímulo Retomada RS não há a necessidade dos contratantes apresentarem garantias reais para receber os recursos. Os negócios também não precisam estar dentro da mancha de inundação, mas sim terem sido atingidos diretamente pela enchente ou indiretamente pela quebra de oferta e demanda.
— Essa iniciativa é muito importante e vem muito bem a calhar nesse momento. Essas questões das garantias e da localização são fundamentais, pois na prática, nas linhas emergenciais criadas pelo governo, estavam representando entraves para a contratação de recursos. Muitas empresas atingidas, e que por isso ficaram sem garantias para apresentar, por exemplo, não estavam conseguindo contratar crédito, apesar de grande necessidade — aponta o empresário Ângelo Fontana, presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) do Vale do Taquari, que esteve no evento de apresentação do fundo nesta quarta-feira.
Como vai funcionar
- Destinado a micro e pequenas empresas (MPEs) gaúchas, com dois anos de CNPJ regularizado e receita mensal entre R$ 10 mil e R$ 400 mil;
- Para MPEs atingidas diretamente pela enchente ou indiretamente pela quebra de oferta e demanda;
- Contato e negociação por vias digitais;
- Após aprovação, recursos entram na conta em até cinco dias, em média;
- Taxa de juro entre 0,99% e 1,49% ao mês;
- Sem necessidade de apresentar garantias reais;
- Prazo de pagamento de 36 meses;
- Carência de seis meses;
- Contratações entre R$ 10 mil e R$ 200 mil por empresa;
- Capacitação complementar.