Divulgado nesta terça-feira (25), a alta de 4,1% no Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul no primeiro trimestre tende a envelhecer rápido. Isso porque as atenções estão voltadas para o efeito da inundação na economia gaúcha a partir de maio. Especialistas ouvidos pela reportagem de GZH estimam tombo nos próximos meses, que deve engolir a expansão apresentada pela agropecuária após sequências de estiagens. No entanto, reforçam que eventual recuperação do rombo causado pelo aguaceiro dependerá da resposta que será observada na reta final do ano.
O professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS Marcelo Portugal estima que a inundação vai ter impacto de R$ 40 bilhões no PIB do Estado, pegando efeitos de maio e junho. Apesar desse tombo estimado para o segundo trimestre, o economista afirma que existe margem para a economia gaúcha fechar o ano com variação positiva diante da recuperação que costuma ser observada em saídas de crise. Como o agronegócio conseguiu salvar parte da produção, o poder de retomada de serviços e comércio vai ser um dos termômetros desse processo, segundo Portugal:
— Vai ser o desempenho desse setor (serviços e comércio) que vai nos dizer se vamos recuperar tudo, esses R$ 40 bilhões perdidos e mais um tanto, se e vamos ter um crescimento positivo no fim do ano, que é a minha estimativa.
O professor destaca que não arrisca cravar um número neste primeiro momento, mas reforça que as iniciativas de empreendedores, a transferência de renda dos governos federal e estadual e a experiência de outro episódio similar, que foi o furacão Katrina, em New Orleans (EUA), ajudam a manter o otimismo na linha dessa recuperação.
O professor Marcos Lélis, da Escola de Gestão e Negócios da Unisinos, afirma que o bônus gerado pela safra na economia do Estado neste ano deve ser perdido em razão da tragédia climática. Com isso, estudo da Escola de Gestão e Negócios aponta que o PIB pode ficar zerado até agosto. Com isso, eventual recuperação depende dos efeitos de ações na infraestrutura e de socorro a empresas e famílias, segundo Lélis:
— É como se tivesse dois pilares, duas pernas. Uma é segurar o emprego e a renda agora, em 2024, que pega toda essa parte dos auxílios para as empresas e famílias. E tem uma outra perna que é o recurso para reconstruir a infraestrutura. Temos que ver como que isso aí está sendo gerido e se está chegando nas pessoas.
Lélis destaca que a recuperação da infraestrutura é fundamental também para criar espaço para crescimento nos próximos anos, algo mais sustentado, não temporário.