O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as medidas que constam no novo programa de acesso a crédito e renegociação de dívidas, denominado Acredita, lançado nesta segunda-feira (22), serão oficializadas na terça (23), no Diário Oficial da União (DOU), mas ainda passarão por "fase de maturação" diferentes.
— Essas medidas amplas, cada uma tem uma fase de maturação, mas todas elas vão se desenvolver a partir de hoje e vão sendo entregues à medida que forem ficando prontas, do mais simples, que estará a rua amanhã, até o mais sofisticado, que vai levar um tempo de maturação, como foi o Desenrola — afirmou o ministro, durante cerimônia de lançamento do Programa Acredita, nesta manhã, no Palácio do Planalto.
No discurso, Haddad citou o instrumento de hedge, que foi iniciado em reunião em Dubai, com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Ilan Goldfajn.
Na avaliação de Haddad, um dos maiores legados do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na economia, foi o acúmulo de moedas fortes.
— Esse foi um legado inestimável porque eu tenho segurança em dizer que a crise de 2008 e a pandemia da covid-19 não teriam o desfecho que tiveram sem que o senhor Lula tivesse prevenido o país para essas crises — afirmou o ministro. — Porque um país tem que ser previdente e o senhor tomou as medidas corretas daquela época de blindar o Brasil de solavancos — disse.
Haddad pontuou que "a volatilidade do real caiu muito desde então, mas ela ainda é muito elevada". De acordo com ele, diante do cenário, a gestão federal desenvolve um produto que é uma "espécie de seguro de longo prazo que coíbe as variações abruptas do câmbio".
Potencial do mercado secundário de crédito imobiliário
O ministro da Fazenda destacou ainda o potencial de desenvolvimento do mercado secundário de crédito imobiliário no Brasil a partir das medidas lançadas nesta segunda-feira, assim como o impacto desses instrumentos no crescimento econômico. Segundo Haddad, os pares do país têm entre 25% e 30% do PIB em crédito imobiliário, enquanto o Brasil tem apenas um terço disso.
— Temos apenas 9% do PIB. O potencial de desenvolvimento desse mercado é grande, sobretudo se continuarmos reconstruindo um país que possa reduzir as taxas de juros — disse.
O ministro da Fazenda afirmou também que o desenvolvimento do mercado de crédito é "imprescindível" para o desenvolvimento econômico e ressaltou o papel da construção civil na elevação do PIB.
— Nenhum país que tenha elevados patamares de crescimento fez isso sem passar pela construção civil — disse Haddad, que ainda relembrou os programas implementados no ano passado, como o Desenrola e o Marco das Garantias, o segundo, afirmou o ministro, importante para a redução dos spreads bancários. — Vamos mostrar relatório para o presidente. O marco de garantias vai diminuir muito os spreads bancários — comentou.
Pronampe
O ministro da Fazenda afirmou também que o grande problema do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que o governo quer endereçar, está no impedimento à renegociação.
— Ele foi originalmente pensado para impedir isso, causando problemas a pequenas empresas, que ficaram sem acesso ao sistema bancário — disse.
O ministro do Empreendedorismo, Márcio França, acrescentou ainda que o grande diferencial entre o Pronampe e o ProCred 360 será o público, que é restrito a MEIs e microempresas com faturamento de até R$ 360 mil ao ano.
— No Pronampe, as grandes empresas acabavam pegando o crédito — comentou.