O alvo do Programa Acredita, lançado nesta segunda-feira (22), são empreendedores descontentes com os rumos do governo Lula, conforme mostraram pesquisas recentes de popularidade.
O plano inclui uma versão para pequenos negócios do Desenrola, ou seja, uma oportunidade para quitar dívidas em condições mais benignas. E também mais 1,25 milhão de operações de microcrédito, cada uma em torno de R$ 6 mil, até 2026
Conforme informado pelo governo, o programa atenderia cerca de 95% das pessoas jurídicas do país, já que a maioria das empresas são micro ou pequenas. A iniciativa será baseada na garantia concedida pelo Fundo Garantidor de Operações (FGO), com a criação do FGO Acredita no Primeiro Passo via medida provisória.
O público-alvo vai de MEIs (microempreendedores individuais) a pequenas empresas com faturamento bruto anual até R$ 4,8 milhões. Como de trata de um fundo garantidor, que poderá absorver eventual inadimplência, tem custo para os contribuintes.
A estimativa do governo da renúncia fiscal envolvida é de R$ 18 milhões em 2025 e R$ 3 milhões em 2026 - quase nada se comparada à pauta-bomba que pode elevar gastos anuais em R$ 42 bilhões para pagar quinquênios a juízes e promotores
A aplicação do plano depende da conjugação de seu nome, ou seja, de que os empreendedores acreditem, tanto nas condições da renegociação de dívidas quanto no potencial de retorno do microfinanciamento. Portanto, seu sucesso vai depender de confiança. E confiança, por sua vez, depende de estabilidade. Vai precisar combinar esforços no macro e no micro para que tudo dê certo.
Atualização 1: último a falar na cerimônia de lançamento do Acredita, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou para juntar macro & micro: disse que, para o plano entrar em vigor da forma planejada, precisa de aprovação do Congresso e do "convencimento" dos parlamentares, tanto pelo governo quanto pelos diretamente interessados.
Atualização 2: Lula também aproveitou a solenidade para dar puxões de orelhas públicos em ministros e até no vice-presidente (e ministro do Desenvolvimento) Geraldo Ackmin. Disse que "o Alckmin tem que se mais ágil, tem que conversar mais. O Haddad, ao invés de ler um livro, tem que perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington (Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, que comanda o Bolsa Família), o Rui Costa (ministro da Casa Civil), passar maior parte do tempo conversando com bancada A, com bancada B". Apesar de os citados serem todos muito próximos do presidente e conhecerem o estilo de Lula - portanto não se melindrarem com a mensagem - foi desnecessário.