A inflação do país voltou a desacelerar. Em outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,24%. Mesmo registrando nova alta, o índice ficou em patamar ligeiramente abaixo do observado em setembro (0,26%). O dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta sexta-feira (10). É o quarto mês seguido de taxas positivas do IPCA.
Com a nova atualização, a inflação brasileira acumula alta de 3,75% no ano, e de 4,82% no período fechado de 12 meses. A meta central de inflação deste ano é de 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se o índice oscilar entre 1,75% e 4,75%.
O IBGE informa que a alta de outubro foi puxada pelos preços das passagens aéreas, item que apresentou 23,70% de salto ante o mês anterior. Esse produto apresentou o maior impacto individual no resultado do 10º mês do ano, segundo a entidade.
Na nota de divulgação do IPCA, o gerente da pesquisa, André Almeida, cita alguns pontos como alta no combustível de aviação dentro desse movimento de elevação:
“É o segundo mês seguido de alta das passagens aéreas. Essa alta pode estar relacionada a alguns fatores como o aumento no preço de querosene de aviação e a proximidade das férias de fim de ano”.
Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados no IPCA anotaram alta em outubro. Os destaques foram transportes (0,35%) e alimentação e bebidas (0,31%), que têm maior peso no índice. O avanço do grupo de transporte foi influenciado por, além do aumento das passagens aéreas, altas do táxi (1,42%) e do óleo diesel (0,33%) — único item dos combustíveis (-1,39%) que registrou inflação. Os preços da gasolina (-1,53%), do gás veicular (-1,23%) e do etanol (-0,96%) caíram no período.
Expectativas
O economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), afirma que os núcleos de inflação, que excluem efeitos temporários, seguem comportados e reforçam a expectativa de inflação dentro da meta. Outro ponto que engrossa essa projeção é o comportamento do indicador no acumulado, segundo Braz:
— A taxa em 12 meses está desacelerando, passando de 5,2% para 4,8%. Isso mostra que há chance de a inflação terminar o ano dentro do intervalo de tolerância da meta.
Braz afirma que estimar a inflação de 2023 é mais confortável neste momento. Ele aposta em um IPCA de 4,6% nos 12 meses fechados em dezembro. No entanto, afirma que o cenário para o próximo ano é mais nebuloso diante de incertezas no âmbito doméstico e no Exterior:
— Para o final deste ano, está fácil acertar. Não há muito espaço para esse número vir fora dessa previsão. Para o ano que vem é incerto, porque tem muito coisa no radar, como o El Niño, guerra e questão fiscal no nosso país. Tem muitos desafios pela frente.
Grande Porto Alegre
A Região Metropolitana de Porto Alegre acompanhou a média nacional e também anotou desaceleração no IPCA, fechando outubro com leve alta de 0,04%. No entanto, a perda de ritmo foi mais intensa na comparação com a média nacional. Em setembro, o IPCA na Grande Porto Alegre ficou em 0,18%.
Com o novo pé no freio, a Grande Porto Alegre apresenta três desacelerações seguidas no IPCA em um período com quatro taxas consecutivas com inflação. Ou seja, segue no campo de alta, mas com menos intensidade.
Sete dos nove grupos pesquisados apresentaram inflação em outubro na Região Metropolitana. Despesas pessoais (0,79%), vestuário (0,43%) e artigos de residência (0,28%) apresentam as maiores altas, olhando apenas o percentual. Alimentação e bebidas (-0,38%) e transportes (-0,14%) são os únicos segmentos com queda no indicador.
Olhando apenas os maiores avanços individuais na variação percentual, passagens aéreas (29,1%), cebola (15,95%) e táxi (14,34%) apresentaram as maiores altas no mês de outubro entre os itens pesquisados.
Olhando pelo lado do impacto, passagens aéreas tiveram o maior positivo (0,22 ponto percentual) e gasolina o maior negativo (-0,24 ponto percentual).