O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa de juro básico do país ao menor nível observado em um ano e meio. O colegiado cortou 0,5 ponto percentual da Selic, derrubando a taxa dos atuais 12,75% ao ano para 12,25%. A última vez em que o juro ficou abaixo dos 12,75% foi entre março e maio do ano passado (11,75%). A decisão foi unânime.
Esse é o terceiro corte consecutivo e na mesma magnitude na Selic após a política monetária brasileira estacionar a taxa em 13,75% por quase um ano. A mudança de rumo no Copom ocorre graças ao pé no freio da inflação e economia avançando sem mudanças bruscas na demanda.
Esse ambiente somado a acenos do governo em direção ao equilíbrio fiscal deixaram a autoridade monetária mais confortável para iniciar a reversão do juro básico.
No comunicado, o Copom manteve a porta aberta para novos cortes nesse mesmo patamar nas próximas reuniões, algo que já havia sinalizado na edição passada.
"Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", diz trecho da nota.
"O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", acrescenta o texto.
Menção ao cumprimento das metas fiscais
O comitê também voltou a falar sobre a o cumprimento das metas fiscais. O tema voltou a ganhar destaque após o governo Lula sinalizar possível mudanças no âmbito das metas.
"Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas", informa o colegiado no comunicado.
A Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) destacou, por meio de nota, que o ambiente interno no Brasil mostra continuidade do processo de desinflação e que a atividade econômica apresenta "moderação em setores mais sensíveis aos juros", o que justifica o corte na Selic. A entidade também reforça a questão da responsabilidade fiscal, citando que "cortes mais intensos na Selic só ocorrerão se houver cumprimento das metas para as contas pública": "De acordo com o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry, a continuidade no processo e a possível elevação da intensidade nos cortes dependerão principalmente do comprometimento do Governo Federal com o as metas para as contas públicas estabelecidas no Novo Arcabouço Fiscal".