A inflação na Grande Porto Alegre voltou a desacelerar em maio. Foi a segunda queda seguida, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quarta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Abaixo do índice nacional, a variação de preços na Capital foi de 0,08% no mês, ante 0,23% no país. No ano, a inflação da Região Metropolitana acumula alta de 2,83%, também abaixo do acumulado nacional, de 2,95% nos primeiros cinco meses de 2023.
A desaceleração foi puxada pelo grupo de Transportes, que mostrou o maior recuo no mês, de 0,69%. Tiveram peso neste grupo a queda nos preços das passagens aéreas (-16,02%), do diesel (-2,43%) e da gasolina (-2,3%).
As variações negativas são anteriores às mudanças no ICMS, que elevaram os preços dos combustíveis na última semana nos postos do Estado. O dado de maio ainda reflete a redução de 12% no litro nas refinarias, que foi parcialmente repassado para as bombas.
O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), lembra que 5% da renda das famílias é comprometida pela gasolina. Portanto, qualquer variação neste item tem impacto importante no peso da inflação. O movimento de queda, porém, não deve se repetir nos próximos meses, quando voltarão a ser cobrados impostos federais no combustível.
Além dos Transportes, também tiveram quedas no mês os grupos de Artigos para residência (-0,26%) e Alimentação e bebidas (-0,23%). Neste último, produtos como óleo de soja (-10,43%) e aves e ovos (-7,24%) tiveram quedas consideráveis no mês.
— Porto Alegre tem inflação abaixo do índice nacional há vários meses e está entre as cidades de menor inflação do país. Isso também se materializa em alimentos, o que é bom, porque as famílias de baixa renda se beneficiam deste movimento — observa Braz.
No sentido oposto de queda, os gastos com vestuário (0,96%), despesas pessoais (0,77%) e habitação (0,58%) tiveram as maiores variações positivas ao longo de maio na Capital.
Segundo o economista da FGV, a tendência é de que a inflação permaneça em queda até o fechamento do semestre. Na segunda metade do ano, além da tributação na gasolina, devem entrar na conta as tributações federais em comunicação e energia, que no ano passado não estavam em vigor. Ainda assim, a expectativa é de que a inflação, pelo menos na Grande Porto Alegre, encerre 2023 abaixo da média nacional e dentro do centro da meta.
— Isso porque a Capital já tem inflação mais baixa em 12 meses. Mesmo que sofra os mesmos aumentos, tem mais margem para fechar o ano abaixo da inflação nacional — completa Braz.