Depois de ter ficado pouco acima das expectativas em abril, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio veio muito abaixo das projeções médias, de 0,33%. O resultado mais do que comportado, de 0,23%, leva a inflação acumulada em 12 meses para 3,94%.
É o menor resultado em oito meses, desde a deflação fake alimentada a cortes insustentáveis de tributos que até agora rendem dor de cabeça na economia na forma de uma reoneração que, por mais insuportável que pareça, é a volta ao normal depois de manipulação eleitoreira.
Caso se repetisse ao longo de 12 meses, essa variação média de preços representaria um acumulado ao redor de 4%, considerado razoável para um país emergente como o Brasil. Economistas alertam que maio e junho devem ser os meses do vale da inflação, ou seja, o ponto mais baixo do cálculo que mais importa nesse momento crítico, o do acumulado em 12 meses.
Essa advertência decorre não só das projeções de aumento nos preços dos combustíveis decorrente da normalização gradual que se segue aos cortes aplicados nos meses imediatamente anteriores à eleição de 2022. Inclui a perspectiva que de os meses de deflação fake do ano passado sejam substituídos por inflação, ainda que baixa - na melhor das hipóteses - deste ano.
Agora que o IPCA acumulado em 12 meses declina a olhos vistos, o Banco Central (BC) passou a mencionar o risco embutido nos núcleos de inflação, que excluem os preços que variam muito, para ainda justificar cautela na projeção do corte do juro básico.
Com inflação mais comportada e um pibão surpreendente no primeiro trimestre - que pode aliviar outra fonte de preocupações do BC, o equilíbrio das contas públicas, porque pode render maior arrecadação - cresce a pressão para afiar a tesoura que poda a Selic. "Afiar", nesse caso, significa avisar, daqui a duas semanas, que um corte entrou no cenário do Comitê de Política Monetária (Copom). Ou seja, só o primeiro passo.