O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, reforçou nesta quinta-feira (6) críticas em relação ao Banco Central (BC) e à taxa de juros que, em sua avaliação, está alta e, assim, "incompreensível" para o desenvolvimento do país. Em café da manhã com jornalistas, Lula comentou declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que, para atingir a meta de inflação em 2023, a Selic teria que ultrapassar 20%.
— É no mínimo uma coisa não razoável de ser dita. Se a meta está errada, muda-se a meta — afirmou.
Lula disse que será preciso que o governo "encontre um jeito" para que a instituição monetária comece a reduzir a taxa de juros.
— Vamos ter que encontrar um jeito para que o Banco Central comece a reduzir a taxa de juros. Não é compreensível porque não temos inflação de demanda — continuou.
Nas últimas semanas, Lula fez críticas a Campos Neto. Ele disse que não ficará "brigando" com o presidente do BC, uma vez que a instituição detém autonomia em relação ao governo e quem aprovou o nome de Campos Neto foi o Senado Federal.
Diante disso, o chefe do Executivo lembra que irá escolher dois indicados para ocupar a diretoria da instituição.
— Novos diretores vão mudar de acordo com interesses do governo. Vamos escolher as pessoas corretas — completou.
Taxa Selic
Na última reunião, em 22 de março, o Comitê de Política Monetária (Copom), manteve a taxa de juro básico do país em 13,75% ao ano. A Selic está estacionada nesse patamar desde agosto de 2022.
O Copom citou que o ambiente externo deteriorado, com a crise envolvendo bancos nos Estados Unidos e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados. No cenário doméstico, afirma que inflação ao consumidor “segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta”. Entre os fatores de risco, o grupo reforça maior persistência das pressões inflacionárias globais, incerteza sobre o arcabouço fiscal, e desancoragem maior das expectativas de inflação para prazos mais longos.
Outros temas
Lula recebeu um grupo de 40 jornalistas na manhã desta quinta-feira (6) para um café da manhã no Palácio do Planalto. Durante uma hora e meia, o presidente fez um balanço dos primeiros cem dias de mandato, lembrados na próxima segunda-feira (10).
O presidente falou sobre temas como a reforma tributária, as críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, as polêmicas com o novo Ensino Médio e a indicação para uma nova vaga no STF.