Nas últimas semanas, açougues e mercados registraram redução no preço da carne bovina no Estado. Conforme a colunista de GZH, Giane Guerra, a redução de pouco mais de 4% aparece tanto nas pesquisas de inflação do IBGE e do centro de estudos da UFRGS quanto na cesta básica do Dieese.
Para explicar os motivos por trás desta redução, o Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, desta quinta-feira (27), ouviu especialistas. Os pesquisadores destacam a entrada de carnes de outros Estados no RS e alertam que, nos próximos meses, deve haver alta no preço do produto.
Coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas em Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Júlio Barcellos aponta que o baixo poder aquisitivo do consumidor nos últimos dois anos, associado com a estiagem e a entrada de carnes de outros Estados no RS, cria efeito a curto prazo de redução dos preços, mas que podem repercutir de maneira inversa em poucos meses.
— Isso tudo acabou repercutindo agora neste último quadrimestre do ano com reduções de preços aí variando em até 6% ou 7% na gôndola para o consumidor. Isto é uma boa notícia no curto prazo, sim, e precisamos recuperar o consumo. Mas também temos de ter um olhar mais sistêmico, porque sempre que houver dificuldades para produzir, lá na frente o consumidor tem dificuldades porque o preço do produto acaba aumentando — explicou.
O presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ladislau Böes, por sua vez, acredita que a baixa procura de alguns cortes como a costela e a entrada de carnes de outros Estados estão veiculados a esta diminuição. Mas o presidente do Sicadergs aponta para um aumento nos preços em breve.
— De agosto até meados de dezembro foi um período de queda nos preços, janeiro de estabilidade, fevereiro subiu um pouquinho e, março e abril estabilidade — afirmou Böes.
O economista da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antonio da Luz, acredita que a redução nos preços da carne bovina está vinculada à política monetária do Banco Central (BC). Segundo ele, a taxa de juro praticada pela autarquia desacelerou os preços das carnes. E projetou:
— Acreditamos que os preços das carnes deverão crescer bem devagar.
O presidente da Agas, Associação Gaúcha de Supermercados, Antonio Longo, lembra dos embargos impostos à carne brasileira para exportação em razão de casos de suspeitas recentes de doença da vaca louca como um ponto que também influenciou na redução dos preços. Longo também aponta que o baixo poder aquisitivo da população tem obrigado o setor a reduzir as suas margens de lucro.
— Então a realidade do setor (de supermercados) é essa: continua sendo o item que o setor, juntamente com o leite e outros produtos básicos, cada vez mais vem diminuindo suas margens para atrair consumidor. Atrair novos consumidores e proporcionar a compra de mais alimentos,tirando da concorrência os clientes e trazendo para o o seu supermercado — explicou.