Em visita ao Rio Grande do Sul, onde terá reuniões com lideranças políticas, empresários, entidades e sindicatos, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, tem na pauta os recentes casos envolvendo pessoas resgatadas em condições de trabalho análogo à escravidão em propriedades gaúchas. O número de trabalhadores encontrados nesta condição no Rio Grande do Sul neste ano já é o maior da série histórica, iniciada em 2015.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta segunda-feira (20), Marinho afirmou que é preciso "individualizar os responsáveis e os punir severamente". Ele também ressaltou que não se quer "macular a imagem de ninguém e nem dos produtos e setor econômico".
— Nós não queremos sacrificar nenhuma atividade econômica, que é o temor muitas vezes — disse.
Para Marinho, os recentes casos vistos no Rio Grande do Sul não são situações isoladas. O ministro afirmou que, por conta de alterações na legislação trabalhista feitas nos últimos governos, "estão pipocando casos no Brasil inteiro, em várias atividades econômicas".
— Infelizmente, o nosso sentimento é de que isso é filho do processo degradante da legislação que foi reformada durante os governos (de Michel) Temer e (Jair) Bolsonaro. E levou a um processo de terceirização, onde parece que o sentimento é que liberou geral e todo mundo começou a fazer uso de um trabalho degradante e mal-remunerado — declarou.
Na entrevista, Marinho apontou que a principal medida para combater os casos de trabalho análogo à escravidão é corrigir partes da legislação envolvendo a terceirização. Contudo, ressalta, a questão precisa passar pelo Congresso.
— Correto seria fazermos ajustes na legislação da terceirização. Mas este é um processo em construção, temos que dialogar no grupo tripartite que estamos montando para dialogar sobre a legislação trabalhista e o convencimento do Congresso Nacional — apontou.
— Estamos na missão de lançar um movimento para erradicar o trabalho escravo no Brasil, essa chaga que tanto agride a nossa sociedade e nosso país. E que é muito negativo para imagem do Brasil lá fora, para a imagem das empresas e dos produtos — completou.
Ouça a entrevista na íntegra: