O adiamento de viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, por questões médicas, pode antecipar anúncio do arcabouço fiscal, previsto somente após o retorno do país asiático. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, decidiu também cancelar a viagem e deve permanecer em Brasília esta semana.
Em visita ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o chefe do Executivo deve focar em agendas internas em Brasília nesta semana. De acordo com o ministro, a permanência do presidente permite que Haddad, se dedique, junto com Lula, à formulação da proposta.
— A agenda normal de governo vai ser tocada. Certamente, o debate sobre a nova regra fiscal vai ocorrer durante a semana, com discussões lideradas pelo ministro (da Fazenda, Fernando) Haddad."
Questionado sobre uma data para a apresentação do arcabouço fiscal, que havia sido adiada para após a volta de Lula da China, ele respondeu:
— Não vou definir data, mas esse debate está sendo liderado pelo ministro Fernando Haddad. O adiamento da ida à China permite que, durante a semana, o ministro Haddad vá se dedicar a isso junto com o presidente Lula.
Na semana passada, Lula afirmou que o projeto já está maduro, mas é preciso cuidado para não faltar recursos para investimentos, saúde e educação. O presidente reforçou que é preciso discutir um pouco mais sobre o novo arcabouço fiscal e disse que não há pressa na divulgação como "algumas pessoas do setor financeiro querem".
Agenda da semana
De acordo com Padilha, sua visita a Lula na noite de sábado (25), foi para discutir a agenda desta semana. O ministro afirmou que a saúde do presidente apresenta "evolução extremamente positiva", com exames cada vez melhores. O presidente foi diagnosticado com pneumonia e ontem, segundo o ministro, também foi detectado o vírus da gripe influenza A.
Padilha ressaltou que se trata também de uma decisão "responsável com a saúde de sua comitiva", já que a gripe poderia ser transmitida a outras pessoas no avião. O ministro foi a única visita, além da médica da Presidência da República, Ana Helena Germoglio, que Lula recebeu no Palácio da Alvorada. Ele afirmou que as autoridades chinesas entenderam "plenamente" a decisão de adiamento da viagem e que já há negociação por novas datas para a ida de Lula ao gigante asiático.
— Tem muito interesse do governo chinês em receber o Lula — disse.
Conforme pontuou, as atividades que não dependiam de Lula na China estão mantidas; já as que dependiam do chefe do Executivo foram canceladas. Como médico, Padilha disse não recomendar que o presidente vá presencialmente à Marcha dos Municípios, nesta semana, em Brasília. O ministro disse que analisará se é possível Lula receber uma comitiva, de acordo com a recuperação.