O Rio Grande do Sul avançou nos indicadores de segurança e longevidade do Índice de Desenvolvimento Estadual — Rio Grande do Sul (iRS), mas segue na 5ª colocação entre os Estados. O índice do Estado nesta dimensão subiu de 0,785, em 2019, para 0,828 em 2020. Com o resultado, o RS destaca desempenho melhor na comparação com o nível do país, que estacionou em 0,730 no recorte mais recente.
Um dos principais motivos que ajudam a explicar a melhora do Estado na área e a 5ª colocação é a manutenção da redução da taxa de homicídios, que recuou para 18,3 a cada 100 mil habitantes. Em 2019, essa média estava em 19. As médias de mortalidade infantil e de mortes no trânsito também apresentaram recuo.
Rodrigo Azevedo, sociólogo e coordenador do observatório de segurança pública da Escola de Direito da PUCRS, afirma que a diminuição de mobilidade diante da pandemia ajuda a explicar o recuo nas mortes no trânsito. Com menos pessoas circulando diante do isolamento social, é normal haver queda nesse indicador, segundo o especialista. No caso dos homicídios, Azevedo destaca também os efeitos de políticas públicas:
— Em 2020, houve uma redução dos homicídios tanto relacionada com a pandemia quanto com algumas políticas de prevenção, que começaram a dar resultados, como RS Seguro, implementado pelo governo Eduardo Leite, que teve uma política de segurança pública interessante, coordenada pelo então vice-governador e secretário da Segurança, Ranolfo Vieira Júnior. Com algumas pessoas atuando de forma coordenada na Polícia Civil e na Brigada Militar em algumas áreas de maior incidência de homicídio.
No caso da mortalidade infantil, a retração foi a maior entre os principais indicadores de segurança e longevidade, recuando de 10,6 para 8,6 para cada grupo de mil nascidos. Esse é o menor nível no indicador na série histórica. O presidente da Sociedade de Pediatria do Estado, Sérgio Amantéa, afirma que essa queda maior pode estar relacionada aos efeitos do isolamento social:
— O isolamento social diminuiu significativamente o número de doenças respiratórias, como bronquiolite viral aguda, pneumonia, crises de asma. A bronquiolite viral aguda corresponde a mais ou menos 50% de todas as internações em hospitais pediátricos. E é uma doença que tem morbidade. Então, esse isolamento certamente melhorou os indicadores relacionados a doenças respiratórias.
Amantéa destaca que, como essa redução fora da curva pode ter o efeito pontual do isolamento, 2021 e 2022 podem não repetir retração nos mesmos moldes.