A equipe de transição vai propor ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que reverta o processo de liquidação do Ceitec, empresa estatal que é a única desenvolvedora e fabricante de semicondutores e chips eletrônicos da América Latina. A informação foi divulgada pelo coordenador do grupo de trabalho de Ciência, Tecnologia e Inovação do futuro governo, o ex-ministro Sergio Amaral, durante coletiva de imprensa na tarde de quinta-feira (8), em Brasília.
Criada em 2010, com sede em Porto Alegre, a empresa foi incluída pelo atual governo no Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), inicialmente para ser privatizada. Sem compradores, o governo então decidiu prosseguir com a extinção da companhia, mas o processo de liquidação foi paralisado em 2021, em análise do Tribunal de Contas da União (TCU), ainda sem um desfecho do julgamento.
— Já estamos fazendo gestões com o TCU, para que ele interrompa o processo, deixe para o próximo ano. E também gestões para que o próximo governo reverta a liquidação do Ceitec. Felizmente, ainda dá tempo de recuperar a empresa — destacou Amaral.
O ex-ministro enfatizou que o Ceitec é uma empresa estratégica para o desenvolvimento de tecnologia de ponta no país. Segundo ele, o déficit de R$ 20 milhões que a empresa tinha, e que foi usado como um dos motivos para a sua extinção, era um valor muito pequeno frente ao potencial de desenvolvimento de uma cadeia produtiva no setor. Além disso, o desempenho da empresa poderia ter sido melhor se empresas públicas tivessem fomentado o mercado nacional.
— Os governos não compraram os chips do Ceitec, que poderiam ter feito, através do Banco do Brasil e da Caixa Econômica comprando para os cartões de banco, a Casa da Moeda comprando chips para passaporte — citou.
Coordenador dos grupos de trabalho da transição, o ex-ministro Aloizio Mercadante, que já foi titular da pasta de Ciência e Tecnologia, também rebateu o argumento do custo de manutenção de uma empresa como justificativa para interromper o negócio.
— Tem um custo investir em produção de chips, mas a ignorância nesse setor é muito mais cara. Essa é a opção que o Brasil tem que fazer. Se ele quer ter o domínio, se preparar, atrair investimentos e entrar nessa elite dos países que produzem chips e que estão na vanguarda da tecnologia da informação, nós vamos ter que investir — afirmou.