O pingar do 13° salário na conta costuma vir como alívio para quem está apertado. Mas também pode ser "um presente” para quem se organizou financeiramente o ano inteiro. Professor e pesquisador da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), o economista Leandro Rassier dá dicas de como utilizar a bonificação, considerando três situações de trabalhadores e suas contas.
Para quem está inadimplente
Para quem tem compromissos a serem pagos e não conseguiu quitá-los nos últimos meses ou anos, a sugestão do economista é a de abrir mão de um prazer imediato possibilitado pelo recurso que entra e utilizar o dinheiro para liquidar as contas. As taxas de juros aplicadas aos financiamentos das dívidas costumam ser elevadas, corroendo o orçamento dos trabalhadores a longo prazo.
— As taxas são altas e acabam virando uma bola de neve com o passar do tempo. Para quem tem este perfil, a sugestão é: liquide o que der de dívidas — alerta Rassier.
Para quem tem dívidas, mas não em atraso
Para quem tem dívidas em dia, ou seja, está conseguindo manter o pagamento no seu fluxo de caixa e conseguindo pagar as parcelas ao longo dos meses, a dica do economista é, se possível, usar o valor do 13º salário para quitar o que puder. Neste caso, uma alternativa pode ser optar por liquidar a dívida mais cara, ou seja, a que a tem a taxa de juros maior.
A estratégia serve de planejamento para os meses que virão:
— Ao longo do ano vai ser mais tranquilo. Vão sobrar recursos. O dinheiro daquela dívida não vai existir mais ou será minorado. Vale a pena pensar nisso.
Para quem está com as contas em dia
Para quem não tem contas, o recurso extra do 13º terceiro salário pode ser utilizado pensando a longo prazo. Uma das opções é quitar impostos que costumam pesar no fim de ano, como IPVA e IPTU, aproveitando a leva de descontos e garantindo um ano mais folgado.
Mas, se o trabalhador está acostumado a parcelar os impostos e tem as suas contas em dia, a oportunidade é de investimentos:
— Neste momento em que a taxa de juros está alta, há aplicações de renda fixa pagando muito bem, chegando em torno de 14% a 15% ao ano de rentabilidade, por exemplo. Se sobrou recursos, por que não investir? — sugere Rassier.
Outra opção é “se dar ao luxo” de desfrutar da bonificação com uma viagem ou algo que queira gastar.
— Esse perfil pode pensar nos dois lados: o de gastar para se premiar, porque está organizado financeiramente, ou pelo lado poupador de aproveitar a janela favorável de investimentos para aumentar patrimônio, capital ou alimentar um sonho futuro — indica o economista.
Fim de ano requer atenção
Ainda que seja momento de receber recursos extras, como o 13º salário ou férias, o fim de ano é também uma época que implica mais gastos. Muitas dívidas nascem justamente neste período. Por isso, Leandro Rassier aconselha administrar as despesas na ponta do lápis.
— Tem presentes, IPVA, IPTU, encargos de empresas, custos com contador. Se pensar só no imediato, posso começar o ano já aumentando as minhas dívidas. Às vezes, vale abrir mão do imediato para ter um sossego futuro. Sem deixar de curtir a vida, claro, porque a gente trabalha, mas precisa ter esses momentos de lazer — diz Rassier.