O programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, discutiu durante o quadro Mais Vozes, nesta quinta-feira (14), a decisão do governo do Estado de desistir da venda de ações da Corsan e mudar a proposta do modelo de entrega da companhia à iniciativa privada — decidindo pela venda de 100% da estatal.
Foram ouvidos o secretário-chefe da Casa Civil do RS, Artur Lemos; o presidente do Sindiágua RS, Arilson Wünsch; e o analista de mercado de ações Wagner Salaverry.
Para Artur Lemos, o que ocorrerá agora é uma migração do estudo visando a venda integral da companhia, mas, segundo ele, as análises já feitas não serão perdidas. O secretário admite que o prazo que prevê o leilão até dezembro é "desafiador", mas possível. Ele também afirmou que não mudar o modelo de privatização traria "risco" à sociedade.
— A cada mês que passa, é um mês a menos que ela (Corsan) tem para investir R$ 13 bilhões na sua área de concessão — disse.
Já Wünsch afirmou que o recuo do governo é uma "vitória para a população gaúcha". Ele também questionou a razão para a companhia ter diminuído o preço das ações e sugeriu que a Assembleia Legislativa instale uma CPI sobre o caso. O sindicalista disse ainda que "não há o que ser vendido".
— O ativo da Corsan, que é a concessão, pertence aos municípios. E dos 307 municípios (atendidos pela empresa), 201 disseram não à privatização.
Para Salaverry, analista de mercado de ações, o IPO da Corsan "não era uma operação fácil de acontecer", devido à crise do mercado acionário e em razão do modelo que havia sido escolhido, mantendo o governo no capital da empresa — o que, segundo ele, diminui a atratividade junto a investidores. Ele também afirmou que, no futuro leilão, os maiores interessados devem ser aqueles que já conhecem as operações da estatal.
— Acho que o governo pode extrair um maior valor com esse formato de leilão. Tudo vai depender das condições do mercado e do real interesse dos outros players.