A instalação de duas empresas associadas ao desenvolvimento de chips e semicondutores no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), em Porto Alegre, consolida mais um espaço do Rio Grande do Sul no centro da inovação. A Capital foi escolhida para sediar unidades latinas da inglesa Ensílica e da norte-americana Impinj, que inaugura a operação na quinta-feira (7).
A Ensílica e a Impinj estão entre as principais empresas mundiais de projeto de semicondutores. A chegada das multinacionais complementa a cadeia produtiva de chips no Estado, que já era relevante com produção da estatal em extinção Ceitec e da HTMicron, sediada em São Leopoldo.
— Estamos criando um polo de altíssimo nível tecnológico em projeto de semicondutores, abrigando dois dos maiores players globais — avalia o superintendente de inovação e desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc, Jorge Audy.
Segundo o diretor, a parte de projeto, ou seja, que envolve o design dos implementos, é a etapa de maior valor agregado no desenvolvimento dos semicondutores.
Com sede em Seattle, nos Estados Unidos, a Impinj é uma das principais empresas desse segmento e manterá no Tecnopuc um escritório de desenvolvimento de projetos e laboratórios de testagem e certificação de circuitos integrados. A inauguração nesta quinta-feira marca o início oficial da operação, que teve a largada no final do ano passado.
Já a britânica Ensílica iniciou as operações na Capital ainda no ano passado, em junho. Júlio Leão, diretor da Ensílica no Brasil, explica que o foco são projetos de circuito para empresas da área automotiva e da saúde. Outra frente envolve o desenvolvimento de chips para comunicação terrestre e via satélite. Segundo Leão, a disponibilidade de mão de obra qualificada motivou a vinda da empresa ao RS.
Ambas as empresas contrataram profissionais da Ceitec para as suas operações. São pelo menos 30 funcionários recolocados no mercado, entre engenheiros e projetistas, com previsão de ampliação das contratações.
— O Ceitec tinha engenheiros de projetos de semicondutores de padrão internacional. Tanto é que essas duas empresas vêm para cá exatamente para utilizar esse pessoal — diz Audy.
Julio Ferst, presidente da regional gaúcha da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-RS), avalia que a instalação das empresas tem papel importante de fixar no Estado a inteligência e a tecnologia que são desenvolvidas aqui, especialmente de capital humano. Segundo o dirigente, a retenção de talentos “reverte o fluxo”, fazendo com que as empresas venham para cá.
— Essas empresas agregam valor ao desenvolvimento do setor de tecnologia porque geram o que mais queremos: emprego qualificado e renda para o nosso Estado. As oportunidades surgem em tudo que é lugar do mundo, e se não tivermos oferta qualificada, nós perdemos a nossa inteligência — diz Ferst.