Associada ao desenvolvimento de chips e semicondutores, a multinacional EnSílica se instalou no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) no final de 2021. O diretor da operação no Brasil, Júlio Leão, disse ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira (11), que a empresa veio ao país em busca de mão de obra qualificada, mas defende que o governo incentive a formação contínua de profissionais para o segmento de alta tecnologia.
— A gente precisa de iniciativas por parte do governo para continuar formando pessoas especializadas. Existiu um programa de formação no Brasil (CI Brasil) que complementava a formação acadêmica nas universidades. Uma formação técnica específica após a pessoa se formar para trabalhar na área de projetos. Esse programa parou, ele tem que voltar. A gente vai precisar de pessoal com uma formação técnica além da acadêmica — explicou.
Contando com 20 funcionários desde que chegou, a equipe está sendo ampliada com 10 vagas abertas. Segundo Leão, o diálogo com professores e alunos está sendo feito e a empresa deve começar a contratar estagiários em breve.
— Além de complementar a formação, a gente precisa de uma divulgação maior da área de semicondutores. É uma área muito específica dentro da área tecnológica. A gente tem várias formações em inteligência artificial, linguagem de máquina e várias formações de software que são mais divulgadas que a área de projetos de circuitos integrados. Acho que tinha que haver um roadshow entre as empresas que estão atuando nessa área. Levar informação aos alunos de graduação para eles conhecerem que existe essa área, que existe empresas que estão no Brasil e que estão querendo contratar mais pessoas.
Apesar da crise dos semicondutores no mundo todo, o diretor da operação brasileira se mostrou otimista com o que será feito no Tecnopuc. Um dos focos da EnSílica é a área da telecomunicações. Segundo Leão, há investimentos em um projeto que promete melhorar o sinal de celulares em áreas mais remotas.
— A crise acontece na produção e no número de pessoas qualificadas para projetar os chips. Vamos precisar de pessoal com uma formação técnica que vai além da acadêmica — reforça.
O diretor da companhia disse que a empresa absorveu cerca de 12 funcionários da Ceitec, que está prestes a ser extinta. Leão, no entanto, disse que é a favor da manutenção da estatal (da qual ele fazia parte), e que ela poderia trabalhar junto com as multinacionais que estão chegando ao Rio Grande do Sul.
— A Ceitec não fechou ainda. Dependendo do que acontecer no futuro, seria importante a Ceitec continuar. Ter as empresas internacionais aqui não exclui ter a Ceitec. Os dois são complementares.
A EnSílica produz chips para a área automotiva, da saúde e comunicação. Com 20 anos de trajetória, a empresa conta com 170 funcionários no mundo todo. Ela também possui um centro de operações na Índia que acaba de completar 10 anos de existência.