Após dois anos de dificuldades por causa da pandemia, os preparativos para a Páscoa ganharam fôlego este ano com a perspectiva de retomada das celebrações pela data. Na serra gaúcha, referência nacional em chocolates, as fábricas artesanais reforçaram a produção para atender a maior demanda, que deve se refletir em aumento de 20% nas vendas.
A expectativa de crescimento é em relação a 2019, último ano antes das restrições para conter a covid-19. Segundo projeção da Associação da Indústria e Comércio de Chocolates Caseiros de Gramado (Achoco), que agrega oito das 28 fabricantes de Gramado, a produção este ano deve chegar a 500 toneladas, também 20% superior à marca pré-pandemia.
— 2020 foi um ano muito difícil, perdemos praticamente toda a produção da Páscoa, e em 2021, quando esperávamos a retomada, veio a segunda onda. Mas mesmo com a pandemia, o setor se reestruturou, ampliou as vendas online e as empresas focaram na abertura de franquias, então com certeza vai ser uma bela retomada — projeta o diretor executivo da Achoco, João Teixeira.
Embalada pelos projetos de expansão - foram 100 franquias vendidas durante a pandemia -, a Lugano ampliou em 96% a produção em relação a 2021 para dar conta de abastecer todos os pontos. O diretor de marketing e operação, Jonas Esteves, conta que a marca vai vender 11 toneladas de chocolate nas lojas de Gramado e outras 56 toneladas nas franquias. Mas o que chama atenção, detalha, é o faturamento:
– Já vendemos mais esse ano do que no ano passado. Estamos 122% acima das vendas de 2021.
Atualmente, a marca possui 120 unidades no Brasil, entre lojas próprias e franquias. Os pedidos de Páscoa chegaram às prateleiras antes do Carnaval. E faltando um mês para a data, quatro produtos já estão esgotados nas lojas de Gramado. Com o principal das encomendas já entregue, a fábrica agora está focada na produção extra de chocolates. A linha de ovos de páscoa, por exemplo, tem capacidade para fabricar até 500 ovos por hora.
Na Prawer, a produção de itens de Páscoa foi ampliada em 15% em relação ao ano passado e em 30% sobre 2019. A maioria já foi feita no fim de janeiro, estando a produção agora concentrada nos pedidos tardios, além da linha tradicional. Em média, 800 toneladas de chocolate são produzidas diariamente na fábrica, que abastece as lojas próprias e as revendedoras, como empórios e grandes redes de supermercado.
Segundo a gerente comercial da Prawer, Jéssica Sachet, cerca de 30 produtos foram incluídos no catálogo especialmente para a Páscoa. Ela diz que a expectativa para as vendas é otimista, principalmente pelo perfil do consumidor, que durante a pandemia passou a atentar mais para as produções locais e artesanais.
— Esperamos superar as vendas assim como foi no Natal, que no fim de novembro já não tínhamos mais produtos na fábrica porque esgotou muito mais rápido do que a gente imaginou. As pessoas estão buscando produtos artesanais, feitos à mão e com multissensorialidade — diz Jéssica.
Na Caracol e na Planalto, duas marcas também tradicionais de chocolates da Serra e que foram adquiridas pela indústria de doces Florestal, de Lajeado, o aumento na produção de Páscoa este ano foi de 20% em relação à 2019. O portfólio chega a quase 100 itens de Páscoa, incluindo ovos de chocolate e outros produtos alusivos à data.
— Tivemos a coincidência de as fases mais agudas da pandemia caírem exatamente na Páscoa. Mas a nossa expectativa é bastante positiva e acreditamos incrementar o faturamento entre 25 e 30% sobre 2019 — diz Adriano Orso, gerente de marketing do grupo Florestal.