O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado (12) que não conversou com os caminhoneiros sobre reajustes nos preços de combustíveis, mas afirmou estar ciente de que eles estão "chateados".
— Peço a compreensão deles. Entendo que a partir de hoje (ontem) subiu, sim, R$ 0,90 o preço do diesel, mas hoje diminuiu R$ 0,60. Espero que na ponta aqui, na bomba, esse valor se faça presente — comentou ele sobre o Projeto de Lei Complementar (PLC), aprovado na sexta-feira (10) pelo Congresso Nacional.
O chefe do Executivo disse torcer para que a categoria não se organize para fazer protestos contra o aumento dos combustíveis. No governo de Michel Temer, uma grande greve dos motoristas paralisou o país e fez com que o presidente buscasse recursos extraordinários para auxiliar os trabalhadores.
— Tem muito caminhoneiro que... alguns falam em greve. Sei disso. Lamento. Espero que não haja — afirmou.
Bolsonaro considerou também que há o pensamento entre alguns profissionais de que não é o ideal entrar em greve porque, com uma possível paralisação, o caminhão não pode sair de casa e o motorista não teria mais como honrar pagamentos, como o de combustíveis.
— Quer ver uma coisa? Você pega uma viagem daqui, Brasília, a São Paulo, mais ou menos mil quilômetros. Um caminhão grande gasta, a cada dois quilômetros, um litro de diesel. Então, ele gasta quinhentos litros para ir e quinhentos para voltar. Gasta mil litros de combustível. Se o aumento foi de R$ 900, o que não é verdade, então aumentou mais R$ 900 — calculou.
— Realmente é insuportável isso que está acontecendo. Nós temos que ter sensibilidade — continuou.
Petrobras
Bolsonaro também afirmou que qualquer um pode ser trocado em seu governo, com exceção dele próprio e do vice-presidente Hamilton Mourão. Na ocasião, havia sido questionado por jornalistas se existia a possibilidade de mudar o comando da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, após o reajuste de combustíveis.
— Todo mundo pode ser trocado — disse a repórteres após participar de um evento para "filiação em massa" de pré-candidatos a deputados federais do PL.
Na sequência, no entanto, Bolsonaro voltou ao tema.
— Ninguém falou em trocar (o presidente da Petrobras). Você perguntou se ele pode ser trocado. Qualquer um pode ser trocado no meu governo, menos eu e o vice-presidente da República, que têm mandato — disse.
O chefe do Executivo lembrou que, pelo cargo que ocupa, se considera o acionista majoritário da estatal, que também possui ações no mercado financeiro.
— Então eu dou os meus palpites, minhas sugestões, diretamente ao presidente (da empresa) quando se faz necessário. Mas isso não é interferência. São sugestões apenas que eu faço — relatou.
O presidente também deu a entender que não conversou com o general Luna após a decisão do comandante da Petrobras de repassar o aumento dos custos dos combustíveis no mercado externo para o mercado doméstico.
— Certas coisas não precisam comentar. Ele vai ligar para mim para perguntar "está satisfeito com o reajuste?", Não vai. Ele sabe o que eu penso disso e o que qualquer brasileiro pensa disso. Agora, o brasileiro tem que entender que quem decide esse preço não é o presidente da República. É a Petrobras com os seus diretores e o seu Conselho — continuou.
Da mesma forma, Bolsonaro também descartou, mais uma vez, a possibilidade de mudar os preços dos combustíveis "na caneta".
— Não existe isso. Se você efetuar uma medida dessa aí, explode. Quando você fala, o preço do combustível está atrelado ao valor do petróleo lá fora e ao dólar aqui dentro. Se você tomar certas medidas, você simplesmente causa um caos na economia. Não adianta você reduzir na canetada em R$ 1 o preço do combustível se o dólar vai para R$ 7 — acrescentou.
O chefe do Executivo disse ainda que o presidente da Petrobras está realizando investimentos a médio e longo prazo:
— Estive com ele na Comperj, em Itaboraí (RJ). Estamos investindo em outras refinarias, pelo Brasil, para aumentar a sua produtividade.
O presidente comentou que, para construir uma refinaria, além de ser uma obra demorada, é precisamos estimular a iniciativa privada para que parta para a construção de refinarias no Brasil.
— Esse (processo) é longo, não é coisa rápida. É demorado — calculou.
Bolsonaro ilustrou, dizendo que há minirrefinarias no mundo e que a China, inclusive, tem expertise nessa área. Comentou ainda que tratou do tema com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e que recebeu como resposta que os projetos são possíveis, mas que podem levar de três a quatro anos para ser construídos.